MYROSLAV SKORYK
Concertos para violino – volume 1
Andrej Bielow – violino
Orquestra Sinfônica Nacional da Ucrânia
Volodymyr Sirenko – regente
Lançamento Naxos. Importado.
R$ 66,90
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Quando se mudou para Moscou, no início dos anos 1960, o trabalho do compositor ucraniano Myroslav Skoryk sofreu uma radical transformação. Aluno de Dmitri Kabalevsky no conservatório da cidade, passou a se dedicar a uma enorme gama de gêneros. Escreveu sinfonias, cantatas, música de câmara, canções. Suas origens, no entanto, assim como lembranças da juventude, seguiram dominantes em suas criações. Nascido na região dos Cárpatos, sobrinho de uma importante cantora lírica do início do século XX, ele foi deportado com a família para a Sibéria no fim da Segunda Guerra Mundial. Talvez por isso suas peças carreguem uma mistura de atenção ao folclore e uma escrita enérgica, muitas vezes contrastante e conflituosa, como é o caso de seus concertos para violino. Ao todo, ele escreveu oito peças do gênero, que serão registradas em dois discos por Andrej Bielow, que, aos 39 anos, já tem mais de trinta discos gravados e aqui nos oferece a chance de descobrir um autor interessante.
SCHUBERT
Fantasia em fá menor e outros duetos para piano
Andreas Staier e Alexander Melnikov – fortepianos
Lançamento Harmonia Mundi.
Importado. R$ 69,30
A carreira de Schubert como compositor coincide com o auge da prática musical em casa na Viena do início do século XIX. Era especialmente no ambiente familiar que a música era feita, e editores investiam em peças que pudessem ser interpretadas nesse contexto. Franz Schubert tornou-se símbolo desse momento, mas com obras-primas que seguem até hoje como referência da passagem do mundo do classicismo para o romantismo, de um período que seria decisivo para a história não só da música mas também das artes. Uma delas é a Fantasia em fá menor, para piano a quatro mãos, destaque, mas não o único, do álbum que reúne dois especialistas no compositor: Andreas Staier e Alexander Melnikov, cuja interpretação é inigualável pelo senso de estilo e pelo caráter. Outras obras incluídas são a Fantasia D 940, Marcha D 819, Polonaise D 824, Rondo D 951 e Variações sobre um tema original D 813. Nesse sentido, um detalhe é importante: os dois tocam em um fortepiano Graf, instrumento similar aos usados pelo próprio Schubert. A sonoridade torna-se, assim, envolvente, um documento histórico e um lembrete de como a interpretação musical é capaz de nos levar a diferentes mundos e diferentes épocas.
SOUVENIRS OF SPAIN & ITALY
Sharon Isbin – violão
Pacifica Quartet – quarteto de cordas
Lançamento Cedille Records.
Importado. R$ 86,20
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Compositores nascidos na Itália e influenciados pela música espanhola – esse é o mote do disco que reúne a violonista Sharon Isbin, grande nome de seu instrumento na atualidade, e o Pacifica Quartet, baseado em Bloomington, Indiana, ligado a uma das principais escolas de música dos Estados Unidos. É uma viagem fascinante. Castelnuovo-Tedesco, nome fundamental para o repertório do violão, autor de obras seminais, escreveu para o lendário violonista Andrés Segovia seu Quinteto, uma obra de enorme virtuosismo, que contrasta com os ornamentos do arranjo feito por Emilio Pujol para o Concerto para alaúde RV 93 de Vivaldi, cujo largo por si só já valeria a audição do disco. Mas há ainda outras duas pérolas: o Quinteto de Luigi Boccherini e La oración del torero, de Joaquín Turina. É um diálogo entre culturas, que trafega também pelo tempo, do barroco ao século XX, e que tem como guia a sonoridade rica que nasce da união do tradicional quarteto de cordas com o violão, com músicos excepcionais, que demonstram enorme musicalidade em interpretações repletas de lirismo e energia.
JARDIM NOTURNO
Canções e obras para piano de Claudio Santoro
Paulo Szot – barítono
Nahim Marun – piano
Lançamento Selo Sesc. Disponível a partir de 7 de agosto em bit.ly/JardimNoturno; nas plataformas de streaming a partir de 12 de agosto
Em meio às importantes homenagens pelo centenário de Claudio Santoro, esta é, sem dúvida, uma das mais aguardadas: uma coleção de peças para piano e canções, muitas delas inéditas, garimpadas por Nahim Marun e a pesquisadora Camila Fresca nos acervos do compositor. O cancioneiro é uma faceta importante da obra de Santoro – como atestam suas canções escritas a partir de poemas de Vinicius de Moraes. Mas o CD traz, ainda, outras 18 peças do gênero, todas em primeira gravação mundial e na voz do barítono Paulo Szot, estrela de carreira internacional , que incorpora de maneira idiomática o modo como as peças trafegam entre o universo da música erudita e da popular. Tudo isso já seria suficiente para garantir a importância do disco. Mas ela é ainda maior quando nos damos conta do modo como o trabalho sugere a diversidade e a riqueza da criação de Santoro, mostrando de uma vez por todas que sua relevância para a música do século XX não pode jamais ser ignorada. Um marco histórico indiscutível. (Leia mais sobre o álbum, que terá lançamento digital no dia 7 deste mês, na página 13.)
DESTINATION RACHMANINOV – ARRIVAL
Daniil Trifonov – piano
The Philadelphia Orchestra
Yannick Nézet-Séguin – regente
Lançamento Deutsche Grammophon. Importado. R$ 153,50
“A extraordinária eloquência de Daniil Trifonov remove qualquer traço de familiaridade”, escreveu o crítico inglês Andrew Clements ao comentar o disco em que o pianista Daniil Trifonov interpretava os Concertos para piano e orquestra nº 2 e nº 4 de Rachmaninov. Levando em conta que o nº 2 é uma das peças mais célebres e familiares do repertório, o elogio é digno de nota – e totalmente justificado quando ouvimos o registro feito pelo pianista. E ele vale também para o segundo volume da integral dos concertos do compositor, com o nº 1 e o nº 3, gravados com a Philadelphia Orchestra, que Yannick Nézet-Séguin transformou em uma das principais orquestras da atualidade. Entre os dois, o nº 3 é com certeza o mais conhecido – e temido por grandes pianistas pela dificuldade técnica que exige, assim como pelo caráter que faz dele uma das mais expressivas criações de Rachmaninov. Uma peça que, mais uma vez, ganha leitura profundamente original. E intensa, do começo ao fim. Da mesma forma, o Concerto nº 1 surge em todo o seu vigor, mostrando os primeiros passos do compositor no gênero e, no momento em que ouvimos o ciclo completo, oferecendo um olhar rico para a evolução de Rachmaninov na escrita para piano e orquestra.
REMINISCENSES – volume 1
Clara Sverner – piano
Azul Music
Disponível em streaming: www.azulmusic.com.br
Em entrevista à jornalista Luciana Medeiros publicada no Site CONCERTO, a pianista Clara Sverner explicou o conceito por trás deste novo álbum, “Reminiscências”. “Procurei reunir nove peças sentimentais, curtas, poéticas, que toco desde meus primeiros anos de carreira. A opção foi estabelecer uma atmosfera mais reflexiva, envolvente. É uma contramão necessária nos dias de hoje, corridos, superficiais. Que a música chegue a todos, abrace a todos. Que a música nos salve”, disse. A audição do álbum é de fato comovente. Nele, estão peças como Ave-Maria, de Schubert, Valsa sentimental, de Tchaikovsky, ou Prelúdio nº 15, de Chopin. E a interpretação de Sverner, aos 83 anos, mostra uma intérprete que conhece as obras de maneira íntima. O disco, assim, é prova da maturidade alcançada pela artista, mas se torna uma viagem no tempo em direção ao começo de sua carreira, como se pudéssemos conhecer de perto os primeiros passos de uma trajetória ímpar na cena musical brasileira.
TEMPO BREVE QUE PASSASTE
Modinhas brasileiras
Marília Vargas – soprano
Independente
Disponível em streaming. Clique aqui.
A soprano Marília Vargas relança “Tempo Breve que Passaste” ao lado de Ricardo Kanji (flautas e direção musical), Rosana Lanzelotte (pianoforte), Maria Alice Brandão (violoncelo barroco) e Guilherme de Camargo (guitarra portuguesa e viola de arame). No repertório, modinhas brasileiras dos séculos XVIII e XIX, e cantigas de Cândido Ignácio da Silva, Domingos Schiopetta e Raphael Coelho Machado - retiradas do Cancioneiro de Músicas Populares, de César das Neves.
TEMPO
Todo amor desta terra
Canções paranaenses
Marília Vargas – soprano
Ben Hur Cionek – piano
Independente
Disponível em streaming. Clique aqui.
A intensa pesquisa de repertório, feita por Paulo José da Costa, reúne raridades que vão desde o final do século XIX até início do século XXI. Lançado originalmente em CD, o repertório contempla obras de Bento Mussurunga, Pe. José Penalva e Henrique de Curitiba, incluindo a peça Seis poemas, com letra de Helena Kolody.
LIVRO
RITMO CALCULADO
De Bohumil Med
Lançamento MusiMed. 220 páginas. R$59,00
Nascido na antiga Tchecoslováquia, Bohumil Med mudou-se para o Brasil em 1968 para atuar como trompista na Orquestra Sinfônica Brasileira. Seis anos depois, seguiu para Brasília para dar aulas na Escola de Música da UnB. Foi então que o músico tornou-se professor – e o professor, editor, até hoje dono de uma das mais importantes editoras e lojas de partituras da América Latina. “Todo semestre, eu mesmo rodava as apostilas do curso no mimeógrafo. Depois de vários anos, resolvi procurar alguém que se dispusesse a editá-las em forma de livros. Ninguém se interessou de verdade, até que consegui que uma pequena editora de Brasília aceitasse fazer os três volumes – de teoria, solfejo e ritmo”, contou em entrevista a Camila Fresca na edição de julho da Revista CONCERTO. As apostilas tornaram-se livros de referência no ensino musical brasileiro, caso de Ritmo calculado, que agora ganha nova edição, com exercícios e aulas indicadas tanto a iniciantes quanto a alunos de nível avançado. Med lançou em julho uma nova edição do livro Solfejo racional.
TRATADOS E MÉTODOS DE TECLADO
Tratados de teclado escolhidos
Obras de Sancta Maria, Frescobaldi, F. Couperin e J. Ph. Rameau
Coordenação: Marcelo Fagerlande
Tradução: Ana Cecilia Tavares, Clara Albuquerque, Marcelo Fagerlande, Maria Aida Barroso, Mayra Pereira
Versão digital. Download gratuito. Clique aqui.
A publicação contém as traduções das obras destes autores – consideradas referências no estudo teórico e prático do assunto -, e que constituem as primeiras indicações impressas sobre técnica de teclado. Como sublinha Fagerlande, elas “são algumas das mais importantes referências para nosso instrumento e o fato de as disponibilizarmos em língua portuguesa poderá ajudar aos muitos alunos e estudiosos do cravo que tem crescido nos últimos anos no Brasil, tanto pelo surgimento de novos cursos como pela consolidação dos já existentes”. Foi incluído um texto introdutório sobre os tratados e seus autores, contextualizando sua importância para o atual estudo da técnica de teclado. Eles abordam primordialmente o cravo e o órgão - interessando diretamente a seus intérpretes -, mas o seu conhecimento poderá ser igualmente útil a pianistas e a outros estudiosos dos instrumentos de teclado.
EUNICE KATUNDA – MUSICISTA BRASILEIRA
Carlos Kater
Edição português / inglês. 458 páginas, com ilustrações
Livro em PDF. Clique aqui.
Reedição expandida e bilíngue. Com textos e documentos inéditos provenientes do acervo pessoal de Eunice Katunda (1915-1990) e não apresentados na edição original de 2001. Além do esboço biográfico da artista, com seu percurso profissional e de vida, e o único catálogo produzido de suas obras, a nova edição conta com uma cronologia de Eunice Katunda traçando um paralelo com os principais acontecimentos no Brasil e no mundo, bem como com mais dois textos de sua autoria, até então inéditos. Busca-se nesse trabalho situar Eunice Katunda no lugar que mercê no panorama musical brasileiro moderno, de forma original, informativa, ilustrada e num estilo ágil e agradável de escrita.