No livro Violão Ibérico, o jornalista espanhol Carlos Galilea conta que Joaquín Rodrigo (1901-1999) compôs seu Concierto de Aranjuez em 1939, a pedido de Sáinz de la Maza, violonista que estreou a peça no ano seguinte, em Barcelona.
Para muita gente, é a epítome do violão na música clássica; está certamente entre as mais conhecidas peças sinfônicas da história ocidental. E é destaque do concerto da Orquestra Sinfônica Brasileira dessa quarta-feira, dia 30, na sexta edição da Série Mundo, agora dedicada à Espanha, com regência de Roberto Tibiriçá. O solista convidado é Daniel Casares, que transita no flamenco e no clássico, na esteira de grandes instrumentistas como Paco de Lucía.
“Aranjuez é um desafio quase obrigatório para nós”, diz Casares ao Site CONCERTO. “Rodrigo disse uma vez que, ao conferir a interpretação de Lucía, sentiu que ouvia o trabalho pela primeira vez, como imaginou quando o compôs. Como espanhol, interpretá-lo fora da Espanha traz uma alegria enraizada no fato de que é a obra espanhola mais interpretada do mundo.”
Esse hino mundial do flamenco, inspirado dos jardins do Palácio Real de Aranjuez, do Rei Felipe II, “viajou para a lua na expedição de Amstrong, escolhida como um símbolo cultural na terra”, conta Casares. O flamenco e a lua são inspiração de uma segunda peça que Casares apresenta no concerto com a OSB, essa de sua autoria: “Compus La luna de Alejandra junto ao berço de minha filha. Tem quatro movimentos e é também para violão e orquestra. Gravei no ano passado, assim como o Concierto de Aranjuez, com a Filarmônica de Málaga.”
Conhecedor da música brasileira – é a quarta turnê no país – Casares experimenta uma identificação histórica e pessoal com o país, através do contato com músicos (“tive a sorte de conhecer, apreciar e admirar de perto grandes músicos e professores como Toquinho, Caetano Veloso, Guinga, Yamandú Costa, Marcus Tardelli, Swami JR, Fabio Zanon”) e das “maneiras diferentes de dar alma ao violão, inclusive o de 7 cordas”.
“A música brasileira e o flamenco são as culturas mais representativas do violão, que é espinha dorsal de ambas. Nos intercâmbios entre músicos daqui e de lá tudo flui porque a linguagem é a mesma”, conclui.
O concerto desta quarta inclui duas peças de inspiração ibérica compostas por estrangeiros: abre com a Suíte n° 1 da ópera Carmen, do francês Georges Bizet, e se encerra com Capricho Espanhol, do russo Rimsky-Korsakov.
No dia 1°, Casares ministra uma master class e participa de mesa redonda na Sala Cecília Meireles, com incrições gratuitas pelo email masterclassdanielcasares@gmail.com.
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