A compositora e pesquisadora paulistana Silvia Berg começou na música ainda na adolescência. Em uma entrevista ao portal Tribuna da Imprensa, ela falou sobre o período: “Quando eu era adolescente, estudava piano no bairro onde vivia e sonhava em realizar meus estudos superiores. Nessa época, tocava muito Villa-Lobos e entrei em contato com a música para piano de Béla Bartók, uma grande descoberta para mim.”
Outra descoberta foi a música de Luciano Berio – uma gravação da Sinfonia do compositor italiano ocupou seus dias durante semanas. E foi responsável por dar a ela a certeza de que queria estudar música na universidade.
Formada na USP, ela se aperfeiçoaria em composição e regência nas universidades de Oslo e Copenhague, na Dinamarca, onde viveria por 24 anos. De volta ao Brasil, tornou-se docente da USP Ribeirão Preto, onde criou o Laboratório de Pesquisas Inter e Transdisciplinares em Música (LAPECIPEM) e a Oficina Experimental.
“Vejo que a música contemporânea possui uma ligação intrínseca com a música do passado; muitas vezes, um passado muito distante. Como um processo contínuo que nunca se rompeu completamente. Vivenciei isso em alguns países da Europa e gosto dessa ligação, com limites bastante flexíveis e nem sempre definíveis de contato com a música fora do círculo definido erroneamente, a meu ver, de erudito”, disse ela na mesma entrevista.
“Meu processo de crescimento se faz em movimento: intelectual, emocional, físico, através de viagens, da vontade de ir a lugares onde nunca fui, de encontrar com pessoas com quem nunca encontrei, de rever amigos em cidades próximas, lugares distantes, de ouvir os sons dos lugares e de compor, tocar e reger muita música.”
Malabares foi escrita em 2009 sob encomenda da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto e do maestro Rubens Ricciardi. Em texto sobre a obra, ela explica sua gênese:
“Malabares é uma homenagem à arte circense e a Abelardo Pinto, o Palhaço Piolin, ícone dessa arte em nosso país, nascido nos arredores de Ribeirão Preto, cujo aniversário, 27 de março, tornou-se o Dia do Circo no Brasil", diz. “É uma obra que explora um restrito material sonoro, construído em camadas que se movem em velocidades diferentes e em constante transformação, oferecendo resultantes auditivamente diversas a cada transformação do material. São utilizados blocos tímbricos, que, à feição de malabares, estabelecem gestos musicais e promovem trocas com retardamento e aceleração de fluxos, resultantes do contraponto textural de seus elementos.”
Roteiro
A Osesp interpreta Malabares nos dias 21, 22 e 23, sob regência do maestro Alexander Shelley. Em maio, obras da compositora serão interpretadas em recital da mezzo soprano Kismara Pezzati com o pianista André dos Santos no Theatro São Pedro de São Paulo.
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