Dia das Mães: dez obras que têm a maternidade como tema e inspiração

A maternidade já foi tema de diversas obras musicais, que a exploram por meio de diferentes prismas e contextos estéticos. A experiência do parto, as canções de ninar, as memórias construídas com o tempo, ou refeitas pela distância, a dor da morte, a evocação de culturas ancestrais: ouça, nessa seleção preparada pelo Site CONCERTO para o Dia das Mães, dez obra de autoras e autores que celebraram, em música, a maternidade.

Adriana Mater, de Kaija Saariaho
A compositora finlandesa afirmou em uma entrevista que ser mãe mudou sua relação com o mundo – e sua obra. “Como mãe, passei a acessar muitas coisas que os homens nunca poderiam vivenciar. Antes de ter filhos, eu realmente vivia a maior parte do tempo no ar. O aspecto terreno tornou-se mais presente com as crianças. Minha música mudou? Claro.” E a maternidade se tornou tema de obras importantes, como Adriana Mater, escrita em 2005, “em memória de minha mãe”, e abordando a história de uma mulher e seu filho durante a guerra.

Canções que minha mãe me ensinou, de Dvorák
A canção de Antonin Dvorák é uma linda representação das tradições passadas de mães para filhas e, então, para as novas gerações. “Canções que minha mãe me ensinou, nos dias há muito desaparecidos; raramente de suas pálpebras as lágrimas não caíam. Agora ensino aos meus filhos cada compasso. Muitas vezes as lágrimas também caem, caem do tesouro da minha memória”.

Senza mamma, de Puccini
A data é celebrativa. Mas não há como evitar a triste, dilacerante história da ópera Suor Angelica, de Puccini, uma das mais comoventes representações do amor de uma mãe. No convento, para onde foi mandada por ter dado à luz a um filho fora do casamento, Angelica recebe a notícia de que a criança morreu. Canta, então, Senza Mamma. “Você morreu, filho, sem que eu pudesse beijá-lo”, ela diz. “Agora que você é um anjo no céu, pode encontrar a sua mãe. Pode descer até o firmamento. Pairando ao meu redor, eu sinto você.”

Within Her Arms, de Anna Clyne
A peça para orquestra de cordas foi escrita por Anna Clyne para sua mãe, como uma “meditação sobre amor e vida”. Nas notas que acompanham a obra, Clyne reproduz o seguinte texto: “A Terra irá mantê-la apertada em seus braços. / Para que amanhã vocês se transformem em flores./ Esta flor sorri silenciosamente no campo matinal / E nesta manhã você não chorará mais. / Pois passamos por uma noite profunda. / Nesta manhã, eu sinto sua presença na grama verde. / Flores falam comigo em silêncio. / A mensagem de amor e compreensão chegou”

mãemaré, de Valéria Bonafé
mãemaré foi escrita em 2021 por Valéria Bonafé, influenciada por sua experiência no pós-parto. Na partitura, a compositora reproduz o texto. “preamar, baixa-mar / tornar-se maré / nos novos dias / lá onde a inteireza verte /seu choro, minha voz /nas vigílias infinitas /ali onde o vazio transborda /meu seio, seu olhar /no fundo do tempo / cantarolo baixinho /até onde o ar termina / vertiginosamente /ser enchente, ser vazante /puerpério-sumidouro /oceano adentro / mãe-maré"

Greeting, de Bernstein
Parte do ciclo Arias and Barcarolles, do compositor norte-americano Leonard Bernstein, a canção Greeting é uma celebração do nascimento de uma criança. Diz o texto: “Quando nasce um menino, o mundo nasce de novo e respira com ele pela primeira vez. Quando uma menina nasce, o mundo para de girar e fica maravilhado por alguns momentos. Cada vez que nasce uma criança, durante aquele breve instante o mundo é puro".

Muttertändelei, de Strauss
Mães também podem ser como aquela retratada na canção de Richard Strauss, que, muito animada, conta a todos como a filha é especial e preciosa. “Basta olhar para minha linda filha! Com suas borlas douradas de cabelo, olhos azuis, bochechas vermelhas. Vocês têm um filho assim? Não, não tem!” Quem nunca?

Requiem for my Mother, de Rebecca Dale
A compositora escreveu a peça após a morte de sua mãe, em 2010. Mas a obra é mais do que apenas uma homenagem, a partir do texto da missa dos mortos católica. Dale reutiliza melodias que criou na infância, assim como textos de poemas que compartilhou com a mãe ao longo da vida. Por conta disso, ela descreve a peça “não como um tributo musical, mas como uma forma de construir uma ponte que me levasse de volta à memória de minha mãe”.

Empress of the Night, de Amy Beach
Canções são uma parte importante da obra da compositora americana Amy Beach. E uma de suas mais belas criações do gênero é Empress of the Night, que ela escreveu para sua mãe, Clara Cheney, pianista e compositora amadora responsável por introduzir Beach no universo da música. “Abandonando a escuridão, agora radiante de luz, nos ilumina o brilho da Imperatriz da Noite”, diz o texto de Henry Harris Aubrey Beach.

Mother and Child, de Grant Still
O compositor norte-americano William Grant Still escreveu cinco sinfonias, quatro balés, nove óperas, mais de trinta obras corais, canções, música de câmara. E essa pequena peça, Mother and Child, transformada em uma suíte para orquestra de cordas. O autor explicou que a obra, ainda que não tenha um texto, é uma forma de mostrar, por meio da evocação da relação de uma mãe com seu filho, a riqueza e a beleza da cultura africana e suas tradições.

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