Retrospectiva 2024: Sidney Molina, violonista fundador do Quaternaglia, professor universitário e crítico de música do jornal Folha de S. Paulo
“Para quem acompanhou ativamente o mundo clássico brasileiro em 2024, a temporada de inauguração do novo Teatro Cultura Artística foi um evento em si memorável. Em primeiro lugar pelo próprio teatro, cuja sala principal já é a melhor de São Paulo – e uma das melhores do país –, do ponto de vista acústico, para apresentações de solistas, música de câmara e pequenas orquestras. Mas não só: a programação agrupou em poucos meses um conjunto de espetáculos de qualidade transcendental, como a Amsterdam Sinfonietta com Janine Jansen (obras de Adès, Walton e Vivaldi); Matthias Goerne interpretando o Winterreise de Schubert; uma antológica versão do Messias de Haendel a cargo da Bachakademie de Stuttgart e coro; o extraordinário encontro dos quartetos Ébène e Belcea nos octetos de Mendelssohn e Enescu; e a pianista Hélène Grimaud tocando Beethoven, Brahms e Bach.
A Osesp manteve o seu nível de excelência, enquanto a ópera parece obter melhores resultados quando evita standards. Cabe destacar O olhar de Judith, do Theatro Municipal de São Paulo, com obras de Malin Bång e Béla Bartók, e Homens ao mar, de Vaughan Williams, no São Pedro. Marcaram o ano também as mortes de Antonio Meneses e Marlos Nobre.
Foi um acerto especial da série Tucca o concerto do D-Composed com o violonista Plínio Fernandes na Sala São Paulo, no Dia da Consciência Negra, com ênfase na nova obra encomendada ao compositor João Luiz Rezende.
A gravação ao vivo em áudio e vídeo do repertório contendo as principais obras dedicadas ao Quaternaglia ao longo de 30 anos foi um dos pontos altos da minha atividade musical neste ano. Crítica e ensino andaram juntos, e como nos dois anos anteriores, abrirei 2025 com uma viagem-curso internacional, na qual acompanharei um grupo de alunos e aficionados a concertos em importantes salas europeias, como Concertgebouw e Scala de Milão.” [Depoimento de dezembro de 2024]
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