Desde o início da pandemia, as distâncias se tornaram centrais na vida das pessoas. Impossibilitadas de se encontrar, conectaram-se pela internet. Tudo parecia estar de ponta cabeça. Global e local. Perto e longe. Foi necessário repensar nosso lugar no mundo.
Perante essa nova realidade, o Festival de Música do Espírito Santo se propôs, no ano passado, a refletir sobre nossas noções de fronteiras. Nossa distância dos outros. Distância física, mas não só. E realizou uma programação que foi um dos pontos altos da agenda de 2020, abrindo-se para os diálogos entre a música brasileira e a música portuguesa e latino-americana.
A curadoria foi da diretora e professora Livia Sabag, que também assina a temporada deste ano do festival, que será realizado entre os dias 5 e 27 de novembro. E, mais uma vez, reflete sobre o momento atual e o papel da arte nesse contexto, com o tema Poéticas de sombra e luz.
“A pandemia continua tornando cada vez mais evidentes as grandes desigualdades existentes entre as pessoas. Não só contrastes socioeconômicos, mas também abismos nas relações interpessoais. O choque dos primeiros momentos da pandemia tem, gradualmente, cedido lugar à banalização e mesmo à negação do sofrimento e da morte”, ela explica. E, para discutir essas questões, a programação vai se dedicar a pensar sobre as pulsões de vida e morte, tratando de temas como amor e morte, crueldade e compaixão, guerra e paz.
A abertura do festival, promovido pela Cia. de Ópera do Espírito Santo, será no dia 5, com a Sinfonia nº 14 de Shostakovich interpretada pela Camerata Sesi, o maestro Gabriel Rhein-Schirato (consultor musical do festival), pela soprano Eliane Coelho e pelo baixo Savio Sperandio.
Coelho, que em 2021 comemorou seus 70 anos, será homenageada pela programação e, no dia 6, se une ao pianista Gustavo Carvalho em um programa que tem como destaque as Canções e danças da morte de Mussorgsky.
No dia 12, mais um recital de canções, agora com a soprano Ludmila Bauerfeldt e o pianista Fabio Bezuti. No programa, obras de Duparc, Fernando Lopes-Graça, Ravel e Poulenc.
A pianista Célia Ottoni, que também será homenageada pelo festival, faz recital ao lado do Quarteto Bratya no dia 13, interpretando obras de Clotilde Rosa, Esther Scliar e Fernando Lopes-Graça.
Mais música de câmara no dia 19, quando o pianista Aleyson Scopel, o clarinetista Cristiano Costa, a violinista Gabriela Queiroz e o violoncelista Jonathan Azevedo interpretam o Quarteto para o fim dos tempos de Messiaen.
No dia 20, a atração é o Quarteto Camburi, com obras de Florence Price e Kaija Saariaho. No dia 26, um programa de solos e duos com a flautista Rúbia de Moraes e o contrabaixista Felipe Medeiros, com peças de Nahla Mattar, Nathalia Fragoso, Dorothee Eberhardt e Frederic Rzewski.
O encerramento acontece no dia 27, com a Camerata SESI regida por Helder Trefzger em obras de Kilza Setti, Joly Braga Santos e Claudio Santoro.
As apresentações acontecem presencialmente no Teatro SESI de Vitória e nos dias 5, 12, 19 e 27 haverá também transmissão on-line. Também estão previstas duas conversas on-line: no dia 6, “O amor e a morte segundo Shostakovich, Mussorgsky e Rachmaninoff”, e, no dia 20, “Clotilde Rosa, Joly Braga Santos e Fernando Lopes-Graça – A música portuguesa no Festival de Música Erudita do Espírito Santo”.
Clique aqui para ir ao site do Festival e conferir a programação completa.
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