Um rei quer curar a melancolia de seu filho. E, para isso, convoca uma série de artistas para entretê-lo, a partir de personagens da Commedia dell’arte.
Esse é o ponto de partida para a ópera O amor das três laranjas, de Prokofiev, que ganha nova montagem a partir do dia 30 de setembro no Theatro Municipal de São Paulo. A produção é assinada pelo ator Luiz Carlos Vasconcelos, criador do circo teatro Piolin, com direção de arte de Simone Mina. A direção musical é de Roberto Minczuk.
No elenco, estão grandes cantores brasileiros, como os tenores Giovanni Tristacci e Jean William, as sopranos Gabriella Pace e Maria Sole Gallevi, a mezzo soprano Lidia Schäffer, os barítonos Leonardo Neiva e Johnny França e o baixo Anderson Barbosa, entre outros.
“O aspecto simbólico da ‘maquinação do mundo’, presente na fábula, foi o ponto de partida para a concepção visual da ópera. O espaço cênico, construído com cordas têxteis, reforça a condição do teatro como um espaço que propõe uma desconstrução da ‘solidez das certezas’. Com isso, a cenografia propõe uma caixa de imagens, permeável e entremeada pelo sensível, possibilitando reflexões sobre um mundo em reconstrução a partir das suas relações de poder e resiliência”, explica Mina.
“No traje cotidiano se observam esses pontos de fissura para o transgressor e potente mundo do inconsciente, revelado nas doses de surrealismo que Meyerhold adaptou ao libreto. Pode um paletó, traje associado ao poder ocidental, nos oferecer a possibilidade de transmutá-lo? Essa foi uma pergunta intrínseca durante a criação da cenografia de O amor das três laranjas”, continua.
Para ela, “a carnavalização e a ironia, aspectos presentes na literatura desta meta-ópera, convidam o observador para um reino que pode ser compreendido como o aqui agora, onde cada um pode ser rei ou rainha por um dia”. “Ou, quem sabe, chegaremos ao ‘todo poder ao povo’, tão esperado. Que nossas laranjas emprestem a condição amorosa e resiliente de um país que aguarda uma coroação no poder da coletividade tão presentes no teatro, na arte e na vida.”
“É uma orquestra enorme, bem típica do começo do século XX, com a utilização de muitos instrumentos de percussão, duas harpas e diversos instrumentos do naipe de metais. A escrita de Prokofiev é sempre a de uma composição que narra a história em seus mínimos detalhes. O amor das três laranjas é tão sinfônica que a parte mais memorável, a que mais se conhece, não é nenhuma grande ária ou grande coro, como costuma acontecer, e sim a famosa marcha sinfônica”, afirma Minczuk.
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