Músicos do grupo lançam carta aberta em que denunciam “a grave situação pela qual atravessa a mais tradicional instituição musical do Pará”
A Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP), principal corpo artístico de um dos mais importantes teatros brasileiros – o histórico Theatro da Paz, em Belém do Pará –, atravessa um momento crítico. Músicos relatam atrasos no pagamento dos vencimentos, ausência de reajustes salariais e um crescente enfraquecimento da organização interna. O problema ganhou repercussão nacional em novembro, quando a revista piauí publicou uma matéria tomando a crise da OSTP como gancho para discutir as dificuldades estruturais enfrentadas pela instituição.
Fundada em 1996 pelo governo do estado de Pará, a orquestra, em quase três décadas de atividades, tornou-se referência na região, em concertos, turnês, gravações e participação em festivais. Desde 2010, a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz tem como diretor artístico e regente titular o maestro Miguel Campos Neto.
A orquestra é gerida pela Organização Social Academia Paraense de Música (APM), em um contrato de gestão com repasses do Estado, que se encerra no fim desse ano. Não há informações públicas sobre um chamamento para um novo contrato de gestão, sobre recontratação ou mesmo sobre a continuidade da orquestra, o que alimenta temores de desmonte institucional.
Na última sexta-feira, dia 14, os músicos divulgaram uma carta aberta à imprensa denunciando “a grave situação” vivida pelo grupo. No e-mail recebido, afirmam que a Secretária de Cultura do Estado, Úrsula Vidal, não tem respondido às tentativas de diálogo, tampouco oferecido qualquer explicação sobre o futuro da orquestra.
Na carta aberta, escrevem que estão há quatro anos sem qualquer reajuste salarial e enfrentando atrasos frequentes. Eles dizem trabalhar “sem calendário definido, sem agenda clara e sem condições adequadas de preparação para os repertórios”, o que compromete a qualidade artística e a estabilidade profissional.
Os músicos afirmam que a orquestra está “entre as mais mal remuneradas do país” e alertam para o risco de colapso. Enquanto Belém recebe delegações internacionais durante a COP-30, argumentam que a cidade enfrenta um contraste doloroso: “a capital que sediará uma conferência global sobre sustentabilidade não consegue garantir a sustentabilidade cultural e humana de seus próprios artistas”.
A Revista CONCERTO enviou um e-mail para a Secretaria de Cultura do Pará questionando o órgão sobre a situação da orquestra, mas não recebeu resposta.
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