Eliane Parreiras, presidente da Fundação Clóvis Salgado
Renascimento e reinvenção cultural podem sintetizar o ano de 2020 no setor, que nos impôs enormes desafios no enfrentamento do Covid-19. O setor cultural foi um dos mais afetados, exigindo complexas medidas de gestão, como a elaboração de novos processos de trabalho – na criação, gestão, difusão e formação – para que as instituições culturais e os profissionais do setor pudessem continuar atuando e exercendo seu papel social.
Na Fundação Clóvis Salgado, instituição que presido desde 2019, já estava em implantação um grande programa de mediação cultural – Mediação de Informação e de Conteúdo e Mediação Crítica –, com forte utilização dos meios digitais. Com a suspensão das atividades presenciais, esse processo foi acelerado e, de forma muito ágil, criamos o projeto “Palácio em Sua Companhia”, que levou toda diversidade cultural do Palácio das Artes para o universo digital.
Por meio dos canais digitais da FCS e plataformas streaming, foram disponibilizadas, em 2020, mais de 1500 atividades artísticas virtuais, com destaque para os vídeos inéditos da Orquestra Sinfônica, do Coral Lírico de Minas Gerais e da Cia. de Dança Palácio das Artes, além de conteúdos das artes visuais, cinema e do Centro de Formação Artística e Tecnológica – Cefart. Essas ações digitais alcançaram diretamente, por nossos canais, mais de 900 mil pessoas.
Outro destaque foi a “Temporada de Ópera On-line” da FCS, que inaugurou um novo modo de fazer, difundir e refletir sobre a ópera no Brasil e na América Latina. Com debates e palestras, Academia de Ópera, mostra de cinema, exposição de artes gráficas e exibição de vídeos inéditos, entre outras atividades, o evento contou com a participação de 218 especialistas, impactando diretamente mais de 110 mil pessoas e gerando 178 horas de programação e 637 vagas gratuitas nas atividades formativas.
Apesar das inúmeras situações adversas enfrentadas nesse período, a instituição conseguiu manter suas diretrizes de atuação e ampliar seu impacto social, humano e econômico. No ano 50 da FCS, descentralizamos o conteúdo artístico, formamos novos públicos e ampliamos a interatividade com a sociedade. Tudo isso com o apoio de uma equipe unida que não poupou esforços para ver concretizado um de nossos maiores objetivos, que é a democratização do acesso à cultura.
Algumas conquistas de 2020 são legado para a instituição e para o público, como o diálogo intenso com o universo digital, a convivência deste universo com a insubstituível fruição presencial e a ênfase na transversalidade de linguagens. Para 2021 é grande a expectativa para a retomada do setor cultural brasileiro de forma vigorosa. Há uma extensa programação dos corpos artísticos e dos espaços da FCS preparada para esse ano que marcará, também, as comemorações dos 50 anos de atividades do Palácio das Artes.
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