Ira Levin, diretor artístico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro
“Foi um ano totalmente fora do padrão, difícil e desafiador para todos nós. Nosso primeiro concerto foi cancelado duas horas antes do início, eu já estava de fraque. Isso foi em março e no início ninguém sabia do tamanho do problema, o governo chegou a falar em 15 ou 20 dias de paralisação. A temporada estava toda pronta e, à medida que o vírus avançava, as coisas foram sendo cancelas; passamos para o plano B, depois C, depois D...
Mas não foi um ano de férias, foi um ano de muito trabalho. Temos uma casa com mais de 500 servidores, sem uma organização moderna, o que torna as coisas muito mais complicadas. Mesmo assim, realizamos diversas atividades on-line, como a série Bach em Casa, canções de Nepomuceno, coro e balé em gravações em casa. Também filmamos oito concertos de música de câmara na Sala Mário Tavares e a orquestra seguiu ensaiando peças para orquestra de cordas para nosso concerto de Natal, que está disponível nas redes. Conseguimos retomar parcialmente, com alguns naipes. Os instrumentos de sopro e os cantores ainda não retornaram, pois são mais complicados. Mas estou muito feliz por termos conseguido voltar e mostrar que o Theatro está vivo.
A programação de 2021 está 100% completa, com óperas, balés, oratórios e concertos, uma linda temporada. Mas, de novo, é preciso ter um plano B, pois podemos chegar em fevereiro ou março com uma nova onda. Não vamos começar com obras enormes, sinfonias de Mahler, óperas com grandes coros etc. Em março e abril teremos a orquestra com 20 músicos, e a primeira ópera acontecerá só em julho. Ninguém tem certeza de nada, mas é melhor planejar com esperança, seja de termos uma vacina ou da situação se tornar menos grave.
Eu tinha um concerto com a Filarmônica de Berlim em dezembro que foi cancelado. Seja aqui, em Berlim ou Nova York, estão todos na mesma situação. Desejo a todos nós um ano saudável e mais ou menos normal, mas fiquemos atentos. E esperemos que as coisas melhorem.”
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