João Guilherme Ripper é exonerado da direção da Sala Cecília Meireles

por Redação CONCERTO 13/03/2023

O compositor João Guilherme Ripper não é mais diretor da Sala Cecília Meireles. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Rio de Janeiro nesta segunda-feira e comunicada por Ripper em uma carta de despedida. Em seu lugar, assume Aldo Mussi.

Após celebrar o início da temporada deste ano, Ripper escreve que “seguindo a montanha-russa da política fluminense, aviso aos leitores que o texto muda de direção neste ponto e desce subitamente da celebração para a despedida”. “Deixo a direção da Sala após duas gestões (2004-2015 e 2019-2023) que foram intercaladas pelo período em que assumi a presidência do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.”

Ripper seguirá na Funarj como assessor da presidência para projetos especiais. “Seguirei colaborando com a Sala, principalmente na realização do Programa Gestores que criei em 2020 e entra em sua quarta edição. A partir deste ano, o programa ganha a versão Gestores em Movimento que acontece em outras cidades do país com o patrocínio do Instituto Vale”, anunciou.

“Apesar dos desafios diários foi maravilhoso estar mais uma vez à frente da melhor sala de música de câmara do país, palco referencial da música clássica no Rio de Janeiro, local onde trabalhei por 15 anos e conduzi as obras de reforma entre 2010 e 2014.”

O texto de despedida continua com a defesa da escolha de um quadro técnico para ocupar a direção. “A direção da Sala Cecília Meireles deveria ser considerada um cargo estritamente técnico que requer do ocupante conhecimentos específicos de música e de gestão, além da capacidade de planejar a médio e longo prazo os rumos da instituição. Ainda antes da reforma, quando a Sala foi transformada num verdadeiro instrumento de escuta, já havia a necessidade de uma curadoria capaz de elaborar e realizar a programação com um repertório adequado à acústica e consonante com sua missão.”

Leia a carta de despedida de João Guilherme Ripper:

Despedida

A Sala Cecília Meireles abriu a Temporada 2023 dia 4 de março com a plateia lotada para assistir ao show “Pizindim” do grupo vocal Ordinarius. Nos bastidores, comemorávamos a assinatura do contrato com a Petrobras para o triênio 2023-2025 que se soma ao patrocínio do Instituto Cultural Vale. No último fim de semana apresentamos a versão integral de “A Floresta do Amazonas” de Villa-Lobos em dois concertos emocionantes e com casa cheia. Participaram a soprano Camila Titinger e o Coro Masculino da UFRJ acompanhados pela Petrobras Sinfônica sob a competente direção de Roberto Tibiriçá. 

Entretanto… seguindo a montanha-russa da política fluminense, aviso aos leitores que o texto muda de direção neste ponto e desce subitamente da celebração para a despedida. Conforme publicado hoje no Diário Oficial de hoje, deixo a direção da Sala após duas gestões (2004-2015 e 2019-2023) que foram intercaladas pelo período em que assumi a presidência do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. 

A notícia chega no exato momento em que a temporada alça voo. A programação de 2023 anunciada em novembro compreende 74 apresentações na Sala e Espaço Guiomar Novaes entre março e dezembro distribuídas nas séries Orquestras, Música de Câmara, Sala Jazz, Pianistas, Sala Contemporânea e Cantares. Boa parte delas será transmitida pelo YouTube e Canal 12 da NET através do projeto #SalaDigital. Os compositores homenageados Edino Krieger, Almeida Prado, Aylton Escobar e Ronaldo Miranda estarão presentes durante toda a programação através de suas obras. A Sala vibra e tudo apontava para a realização de uma das melhores séries de concertos dos últimos anos.  

Apesar dos desafios diários foi maravilhoso estar mais uma vez à frente da melhor sala de música de câmara do país, palco referencial da música clássica no Rio de Janeiro, local onde trabalhei por 15 anos e conduzi as obras de reforma entre 2010 e 2014. Tenho uma impagável dívida de gratidão à minha equipe pela cumplicidade e parceria, a começar por Monica Diniz, Silvio Moreira, Sérgio Santos, Luana Heitor, Andréia Severo e Rafael Miranda, funcionários da administração, manutenção, palco, bilheteria e portaria, prestadores de serviço e todo o pessoal da Sagre. Agradeço também à FUNARJ pelo apoio, às instituições parceiras como a Academia Brasileira de Música, Aliança Francesa e Instituto Camões; a atuação fundamental da Associação dos Amigos da Sala Cecília Meireles viabilizando os projetos incentivados, ao seu presidente Wilton Queiroz de Araujo e a toda diretoria. Agradeço sobretudo aos colegas instrumentistas, cantores, compositores e maestros; aos corais e às orquestras OSB, OPES, OSURJ, OSN e Johann Sebastian Rio; a todos os músicos brasileiros e estrangeiros que têm participado de nossa programação sagrando o palco da Sala com sua arte.

A direção da Sala Cecília Meireles deveria ser considerada um cargo estritamente técnico que requer do ocupante conhecimentos específicos de música e de gestão, além da capacidade de planejar a médio e longo prazo os rumos da instituição. Ainda antes da reforma, quando a Sala foi transformada num verdadeiro “instrumento de escuta”, já havia a necessidade de uma curadoria capaz de elaborar e realizar a programação com um repertório adequado à acústica e consonante com sua missão. Em seus 58 anos de história, a Sala teve a fortuna de contar com diretores músicos como Henrique Morelenbaum, Ilze Trindade, Arthur Moreira Lima, Jacques Klein, Myrian Dauelsberg, Peter Dauelsberg, Lilian Barreto, Miguel Proença, Jean Louis Steuerman, Ronaldo Miranda e Edino Krieger, a quem sucedi em 2004. 

Continuo na FUNARJ como Assessor da Presidência para projetos especiais. Seguirei colaborando com a Sala, principalmente na realização do Programa Gestores que criei em 2020 e entra em sua quarta edição. A partir deste ano, o programa ganha a versão Gestores em Movimento que acontece em outras cidades do país com o patrocínio do Instituto Vale.

Leia também
Notícias Orquestra Sinfônica da USP abre temporada com homenagem aos 50 anos da Torre do Relógio
Notícias Prepare-se: destaques da programação da semana
Crítica Theatro São Pedro abre temporada com equilibrada montagem de ‘Dido e Enéas’, por Nelson Rubens Kunze

João Guilherme Ripper [Divulgação/Ana Branco]
João Guilherme Ripper [Divulgação/Ana Branco]

 

Curtir

Comentários

Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da Revista CONCERTO.

Link permanente

Acho que os caprichos politicos fluminenses estão prejudicando o Braail inteiro pelo exemplo de uma decisão muito infeliz. João Guilherme Ripper, confrade que nos honra na Academia Brasileira de Música, é um compositor notável e um administrador que sabe o que fazer e como fazer. O Rio de Janeiro tem sorte por tê-lo por perto.

É preciso estar logado para comentar. Clique aqui para fazer seu login gratuito.