As sinfonias nº 4 e nº 6, o Choro concertante para saxofone, o Canto de amor e paz e a Fantasia para violino de Claudio Santoro compõem o repertório do novo disco da série Música do Brasil, mais um passo no projeto da gravação das sinfonias do compositor levada adiante pela Filarmônica de Goiás. A regência é de Neil Thomson e o disco traz ainda o violinista Emmanuele Baldini e o saxofonista Pedro Bittencourt como solistas e o Coro Sinfônico de Goiânia.
Do fim dos anos 1940, a Quarta sinfonia carrega uma mensagem de paz, incluindo o coro no último movimento, e é a primeira grande obra do autor da época de sua aproximação com a União Soviética. “Dedicada ‘aos compositores soviéticos’, é uma das obras mais imediatamente acessíveis do compositor, e uma das que mais contribuíram para a construção da sua reputação internacional, sobretudo no Leste Europeu, na década de 1950. A obra foi editada e gravada na URSS (com o coro final em tradução russa) e obteve reações entusiasmadas de compositores como Khatchaturian e Kabalevsky”, explica Gustavo de Sá no encarte do álbum.
“Santoro indicou em algumas ocasiões tratar-se de obra programática: o primeiro movimento representaria a luta do povo pela paz; o segundo, o contraste entre a alegria de viver e a reflexão sobre os dramas da vida; finalmente, o terceiro seria uma manifestação popular pela paz: ‘fiz um final como se fosse uma passeata carnavalesca, alegre, o povo com bandeiras, cartazes... era essa a minha ideia, por isso que tem aquela percussão bem brasileira, bem carioca, em que eu imaginava o povo na [Avenida] Rio Branco defendendo a paz’”, lembra Sá.
Já a Sexta sinfonia, de 1957 e também pertencente a sua fase nacionalista, é uma lição de desenvolvimento e coesão musical. “É a menor das sinfonias da fase nacionalista, tanto em duração quanto na orquestração, mas é também uma das mais originais da série em vários aspectos.”
Para orquestra de cordas, Canto de amor e paz é símbolo da transição que o autor fez da linguagem dodecafônica para a música ligada ao nacionalismo. O Choro concertante, escrito em 1953, por sua vez, trabalha temas brasileiros de maneira profundamente original. “A obra, em um só movimento, abre-se com um tema exposto pelo trombone solo que serve para uma série de variações livres, ao que se segue um più mosso de forte caráter brasileiro (Santoro chega a deixar uma das partes de percussão livre para improvisação, apenas com a indicação ‘ritmo de baião’, que seria naturalmente entendida pelos músicos da orquestra da rádio). Após uma curta cadência do solista, alternam-se episódios com variações sobre o tema inicial e os elementos dançantes brasileiros até a conclusão vibrante”, anota Sá.
Já a Fantasia para violino, de 1980, reutiliza esboços de dois concertos para o instrumento criados nos anos 1950. “A obra foi instrumentada em 1980, tendo sido estreada no Rio de Janeiro em 1982, com o compositor à frente da Orquestra Sinfônica Brasileira e Elisa Fukuda como solista. Santoro reviu o final da obra em 1985, e é nessa versão que ela é executada atualmente. São dois movimentos encadeados: o Andante inicial é uma extensa e lírica melodia entoada pelo solista quase ininterruptamente durante todo o movimento, ao qual se segue um Allegro molto mais tenso e virtuosístico que encerra a Fantasia de forma brilhante.”
Leia mais sobre a série Música do Brasil do selo Naxos
[O disco com as sinfonias de Claudio Santoro, assim como outros volumes da série, está disponível na Loja Clássicos; clique aqui]
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