Felipe Prazeres faz turnê europeia com a eclética orquestra Johann Sebastian Rio

por Luciana Medeiros 02/06/2025

O carioca Felipe Prazeres já nasceu íntimo da batuta e do pódio. Filho de Armando Prazeres, fundador da Orquestra Petrobras Pró-Musica, que se tornou Petrobras Sinfônica em 2006, ocupou ainda menino uma das últimas estantes do naipe de violinos; chegou a spalla e, com a mentoria constante de Isaac Karabtchevsky – regente titular da Opes há 22 anos – foi para o pódio. 

Hoje, aos 48 anos, pode-se dizer que a opção pela regência deu frutos: desde 2022, é o maestro titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e, na Petrobras Sinfônica, atua, desde o ano passado, exclusivamente como maestro associado. Na última quarta-feira, substituiu Karabtchevsky no concerto realizando no Municipal carioca, com programa Brahms: Concerto para violino, com Daniel Guedes como solista, e a Sinfonia nº 2.

“A orquestra adora Brahms e Isaac conhece profundamente a alma do compositor”, conta Felipe, em meio ao último ensaio. “Assim como os outros alemães – Beethoven, Mahler, Strauss –, ele tem predileção e é um desafio à excelência do grupo”. A Opes, aliás, acaba de fazer um concurso para novos associados, agregando sete músicos ao grupo. “Estamos renovando a orquestra com gente jovem e capacitada, reforçando nossa identidade”, garante Felipe.

Mas, desde quinta, e até o dia 9 de junho, Felipe segue com a Johann Sebastian Rio, orquestra de câmara muito carioca – os 20 músicos da orquestra de câmara militam nas principais orquestras da cidade –, com proposta inovadora, levando seu violino para uma turnê por nove cidades da Alemanha, Suíça e Polônia. “Vamos comemorar os 10 anos da JSR nos palcos, um grupo que nasceu online, com vários vídeos bem-humorados e outros mais sérios, sempre apostando na integração de repertório e no prazer de tocar com os amigos.” 

Um desses amigos é o violinista alemão Linus Roth, que embarca na turnê que mostra, principalmente, o repertório do CD Sambach. “Linus conheceu a gente por vídeo pouco antes da pandemia, ficou apaixonado pela mistura do clássico com o choro, trouxe os técnicos para gravarmos na Sala Cecilia Meireles; abriu muitas portas. Foi um encontro muito feliz, uma ode ao diálogo intercultural.” 

Os programas da turnê estão calcados no mix de Sambach (“é um blend, samba ali representa a música popular e regional brasileira, aparece a rabeca no xaxado, o frevo... “, define ele). Eles vão tocar Vivaldi, Villa-Lobos, Guerra-Peixe, Ernani Aguiar e Sivuca. “As quatro estações e, na segunda parte, só música brasileira. O outro programa tem Bach, Villa-Lobos, Tom Jobim, Noel Rosa, Assis Valente, Jorge Benjor, Zequinha de Abreu e os incríveis chorões Jacob do Bandolim, Pixinguinha e Waldir Azevedo, com arranjos de Ivan Zandonade.”

Prazeres volta ao pódio do Municipal em outubro para um concerto com cantores da Academia de Ópera de Paris, no âmbito do ano França no Brasil. Depois, rege o tradicionalíssimo Quebra-nozes no fim do ano. “Estou no meu terceiro ano no teatro e é sempre um desafio, há um espírito de corpo diferente e, para qualquer regente, uma grande escola.” E, claro, um repertório diferente, que privilegia ópera e balé. “Isaac diz: ‘maestro que é maestro tem que reger ópera’. E está certíssimo. Viver a experiência de uma grande produção lírica ou reger um balé tradicional envolve uma dedicação especial, uma busca do produto final ao lado de uma quantidade enorme de pessoas. Estou felicíssimo com essa vivência.”

O maestro Felipe Prazeres [Divulgação/Renato Mangolin]
O maestro Felipe Prazeres [Divulgação/Renato Mangolin]

 

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