Compositoras em foco: Caroline Shaw e ‘Boris Kerne para violoncelo e vasos de flores’

por Redação CONCERTO 07/03/2024

Compositoras em foco: o Site CONCERTO inaugura esta semana, em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, uma nova série, dedicada a apresentar importantes compositoras do passado e do presente e algumas de suas obras mais marcantes

Recente levantamento feito pelo site Bachtrack mostrou um aumento no número de obras de compositoras na temporada 2023, na Europa e nos Estados Unidos. E que, entre os dez autores vivos mais interpretados, quatro são mulheres. Uma delas é a norte-americana Caroline Shaw que, em fevereiro deste ano, também ganhou o Grammy pela gravação de sua peça The Isle, batendo disco com obras de Beethoven gravado por Yo-Yo Ma, Leonidas Kavalos e Emanuel Ax e uma seleção de música americana gravada pelo Pacifica Quartet e Antyhony McGill.

Nascida em 1982, Shaw ganhou particular reconhecimento ao se tornar, em 2013, a mais jovem ganhadora do Prêmio Pulitzer de música, com a obra Partita for 8 Voices, em que mistura tradições clássicas com elementos da criação musical contemporânea em suas múltiplas vertentes, unindo “fala, sussurros, murmúrios, melodias sem palavras e efeitos vocais inovadores", segundo o júri. Essa é, de certa forma, uma marca de seu trabalho. Suas obras flertam com o indie rock e a música eletrônica. E carregam um interesse especial pela voz, que ela explora em suas texturas também como vocalista – ela toca ainda o violino. 

Shaw Já teve obras encomendadas por orquestras como as sinfônicas de Baltimore e Seattle e por grupos de câmara como o Brentano Quartet. No ano passado, estreou sua primeira ópera, Proximity, parte de uma encomenda da Ópera de Chicago e do diretor Yuval Sharon – a obra é formada por três partes; as outras duas foram escritas por John Luther Adams e Daniel Bernard Roumain.

“É a coisa mais difícil que já fiz: coordenar todos esses parâmetros diferentes, alguns conhecidos e outros desconhecidos, e depois fazer algo que será eficaz dramaticamente à distância e com um certo tipo de voz”, disse ela em uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, quando questionada sobre se houve trabalhos que ela procurou em busca de inspiração.

“Posso contar as coisas que amo, mas não diria que são pontos de referência. Eu absolutamente amo Puccini e Verdi, La Traviata – essas histórias em que você é atraída pela experiência interna de alguém. Adoro ser emocionada. Eu amo o Trio em Der Rosenkavalier. Um dia quero poder fazer isso, mas ainda não estou pronta.”

Como autora, Shaw afirma ter interesse em especial pela imprevisibilidade. "Adoro ouvir um quarteto de cordas pegando uma peça e tocando-a de maneira completamente diferente de outro. Não há nada mais especial do que isso.”

A inspiração para suas peças vem de diferentes lugares. Em Boris Kerne para violoncelo e vasos de flores, por exemplo, ela teve como ponto de partida o livro Introduction to Modern Traffic Flow Theory and Control: The Long Road to Three-Phase Traffic Theory (Introdução à moderna teoria e controle do fluxo de tráfego: o longo caminho para a teoria do tráfego trifásico), referência nos estudos sobre trânsito. 

“A peça é mais um experimento que nasceu do desejo de refletir sobre a frase ‘o detalhe do padrão é o movimento', extraída de um poema de T. S. Eliot", ela explica.

Roteiro 
Boris Kerne para violoncelo e vasos de flores será apresentada no dia 10, na série Mulheres na Música, da Casa Museu Ema Klabin, por artistas do Núcleo Hespérides (mais detalhes aqui). Obras de Shaw também serão apresentadas nos dias 7 e 8 de março na  Semana Emesp Elas & Delas (veja aqui os detalhes) e, em junho, o Coro da Osesp apresenta a peça And the swallow (E a andorinha).

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Caroline Shaw [Divulgação/Kait Moreno/carolineshaw.com]
Caroline Shaw [Divulgação/Kait Moreno/carolineshaw.com]

 

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