Grażyna Bacewicz nasceu em 1909 em Łódź, na Polônia. Ela mostrou talento musical desde cedo, destacando-se como violinista. Após completar seus estudos em Varsóvia, mudou-se para Paris, onde foi aluna do violinista húngaro Carl Flesch. Na capital francesa, ela estudou também, entre 1932 e 1933, com Nadia Boulanger.
A carreira como concertista durou até os anos 1950, quando ela resolveu se dedicar exclusivamente à composição. Passou também a dar aulas tanto de escrita musical quanto de violino no Conservatório de Łódź.
Sua produção como autora é impressionante. Na música de câmara, escreveu sete quartetos de cordas, além do Quinteto para piano e uma série de peças para violino e piano, como Oberek, tida como uma de suas principais criações.
“Seu quinteto para piano demonstra uma incansável entrega na criação de uma sucessão de ideias, que demonstram seu estilo nada frívolo e profundamente artesanal”, escreveu o crítico David Fanning.
O interesse pela escrita orquestral também foi notável. Bacewicz escreveu quatro sinfonias, além de concertos para violino, violoncelo e piano e orquestra. Compôs ainda três balés, uma ópera radiofônica e vinte e cinco partituras para teatro e cinema.
“Para mim, o trabalho de compor é como esculpir uma pedra, não como transmitir sons de imaginação ou inspiração. A maioria dos compositores contemporâneos trabalha tão sistematicamente quanto os burocratas... Disciplina, disciplina rigorosa na composição é essencial para mim”, disse ela em uma entrevista.
“Às vezes, um compositor mais tradicional passa para a vanguarda. Discordo daqueles que afirmam que uma vez que um compositor desenvolve seu próprio estilo, ele deve segui-lo. Acho essa opinião totalmente estranha; ela impede um maior desenvolvimento e crescimento.”
“Toda composição concluída hoje pertencerá ao passado amanhã. Um compositor progressista não deve se repetir. Um compositor não deve apenas aprofundar sua criação e melhorá-la, mas também expandir seu escopo. Acredito que, na minha música, embora não me considere uma inovadora, percebe-se uma certa tendência de progressão.”
Roteiro
O Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo apresenta no dia 4 de abril um programa inteiramente dedicado à compositora, com o Quarteto nº 4 e o Quinteto nº 1, com participação da pianista Karin Fernandes (mais informações aqui).
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