Documentário recupera trajetória do tenor Aldo Baldin

por Luciana Medeiros 10/06/2024

Uma criança-prodígio na música, nascida no interior de Santa Catarina; um grande cantor e professor; um desaparecimento precoce. A vida e a carreira do tenor Aldo Baldin (1945-1994), figura marcante da arte lírica brasileira com enorme reconhecimento pelo mundo, é o tema do documentário que estreia no Brasil no dia 13 de junho, quinta-feira, e terá mais duas exibições em São Paulo, nos dias 19 e 22, na Seleção Oficial do 16º In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical.

Aldo Baldin, uma vida pela música tem direção de Yves Goulart e é o resultado de uma pesquisa de mais de uma década. “Sou conterrâneo de Baldin, nasci em Urussanga, e não o conhecia nem sabia da importância dele, quando me deparei com um disco dele, o LP Serenatas, Bachianas & Canções de Heitor Villa-Lobos, cuja capa trazia a igreja da nossa cidade”, conta o diretor. A viúva de Aldo, Irene Flesch Baldin, abriu o volumoso acervo de fotografias, vídeos, recortes. E Goulart usa como fio condutor um depoimento gravado em fita cassete pelo próprio Aldo poucos dias antes de morrer.

A lista dos entrevistados é igualmente planetária. De brasileiros, foram ouvidos – além da família e até o primeiro professor de gaita – regentes como Isaac Karabtchevsky, pianistas como Lilian Barretto e Fany Solter, compositores como Edino Krieger e cantores como Maria Lucia Godoy e Fernando Portari. Dos estrangeiros, os regentes Sir Neville Marriner (que disse dele: “Baldin tinha uma voz rara. A qualidade do seu som era impecável”) e Helmut Rilling, entre outros. 

“Até hoje, 30 anos após sua morte, falar sobre o Aldo Baldin me deixa emocionada”, lembra Lilian Barretto. “Cantor fantástico, amigo gentil. Nossa amizade era de muita conversa musical e muitas risadas sobre a vida. Os ensaios do Dichterliebe de Schumann e as Canções de amor do Santoro foram, para mim, lições de música e sensibilidade.” 

O cravista, organista e maestro Karl Richter, um dos mais importantes personagens da vida de Baldin, já havia falecido quando Yves começou sua pesquisa em 2011. Ele foi responsável pela bolsa na Alemanha, do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico, que levou o jovem tenor para sua formação e para a carreira internacional. Aldo cantou nas mais importantes salas de concerto e nos maiores centros operísticos do mundo e também foi professor, com destaque para sua atuação na universidade de música de Karlsruhe, na Alemanha. 

A estreia mundial de Aldo Baldin, uma vida pela música aconteceu em 14 de abril, no 24º Festival de Cinema de Havana em Nova York. “Moro em Nova York e exibir o filme nos 30 anos do falecimento de Baldin foi muito simbólico”, diz Goulart. “E, assim como na estreia em Nova York, estarei usando no Brasil o fraque de Aldo, gravata borboleta... tudo original, emprestado pela Irene, numa homenagem.”

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Edith Mathis, Aldo Baldin e Dietrich Fischer-Dieskau durante gravação de 'A Criação', de Haydn, com Sir Neville Marriner [Divulgação]
Edith Mathis, Aldo Baldin e Dietrich Fischer-Dieskau durante gravação de 'A Criação', de Haydn, com Sir Neville Marriner [Divulgação]

 

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