Projeto no Rio de Janeiro tem apoio de fundo da Universidade Mozarteum de Salzburg
O Rio de Janeiro vai ganhar em 2025 um evento de música de câmera e de formação profissional: estreia em agosto o apARTE, festival idealizado por quatro (muito) jovens músicos, que têm em comum terem estudado na Universidade Mozarteum de Salzburg e também nos cursos ministrados por Antonio Meneses na Itália. Os violoncelistas Lucas Garcia Muramoto, brasileiro de 24 anos, e Ignácio García Nuñez, espanhol de 25, e os violinistas Guilherme Perez, brasileiro, 24, e o espanhol Pablo Araya Betancourt, 27, se juntaram para o projeto que, nessa primeira edição, homenageia Meneses. As atividades se iniciam dia 18 de agosto e o concerto de encerramento acontece dia 23, aniversário do violoncelista falecido ano passado. Esse concerto final já tem palco confirmado: será no Convento de Santo Antônio, no centro do Rio de Janeiro. O local das aulas e workshops ainda está sendo definido.
“Nós queremos celebrar os grandes pilares de Meneses: a música de câmera e a educação”, diz Lucas, que integra o Trio Callas, formado no Mozarteum de Salzburg e com carreira em ascensão (tocaram inclusive no Cultura Artística de São Paulo em 2023). “E promover a música entre jovens talentos, perpetuando o legado de um dos maiores músicos que o Brasil já produziu.” O nome vem da ideia de que que a música transporta as pessoas para um mundo à parte, melhor e mais harmonioso.
Um dos conceitos mais importantes do evento é o de ensinar não pela doutrinação ou demonstração, mas pela prática conjunta. “Achamos que é assim que se aprende mais”, argumenta o violoncelista. “Cada vez que eu toco com a Camerata Salzburg eu aprendo uma enormidade.” O Festival apARTE vai oferecer 20 bolsas para alunos do país todos, selecionados através de vídeos, com direito a estada e alimentação integrais durante o período do festival. As inscrições estarão abertas de 9 de março a 18 de abril.
Lucas e Ignacio se conheceram na classe de Meneses em Cremona, de 2020 a 2023. “Na verdade, conheci Antonio no Japão, quando tinha 15 anos, e estava com minha família morando lá”, lembra Lucas. “Ele estava por lá, eu mandei um e-mail pedindo que ele me ouvisse... e ele topou! Toquei para ele, que me instou a estudar muito para desenvolver o talento que já via em mim. Foi fundamental esse encontro.”
A vontade de promover um festival que estimulasse o talento dos brasileiros tem raízes naquele encontro e no convívio posterior com Meneses - e também em diversos acontecimentos que envolveram o Brasil e a temática musical e educacional. “Eu estive no Vaticano quando uma orquestra social de Recife, a Criança Cidadã, tocou para o Papa”, continua Lucas. “Conheci todos eles, fiquei encantado com o projeto e planejamos trabalhar alguma parceria. Assim, antes do festival no Rio, vamos passar cinco dias em Recife, dando aulas e tocando junto. Aliás, é a terra de Meneses!”
Para financiar o projeto, os rapazes (que estarão trabalhando de forma voluntária) contam com um fundo da Universidade Mozarteum, que apoia esse tipo de ação. “Esse foi o impulso inicial para a ideia”, diz Lucas. “Mas precisamos de apoio financeiro também de entidades privadas e empresas, além da contribuição do público.” Há uma conta aberta no site Go Fund Me para quem mora na Europa e Lucas apresenta seu Pix para contribuições no Brasil (lucamura@icloud.com). Clique aqui para acessar o site do apARTE Festival.
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![Guilherme Perez, Igor Nuñez, Lucas Muramoto e Pablo Betancort [Divulgação]](/sites/default/files/inline-images/w-festival.jpg)
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