São duas estreias na próxima quarta-feira, dia 16: a da Rede Nacional da Música em São Paulo, série de concertos promovida pela Funarte, e a do duo Barretto-Baldini. Na verdade, a série já estreou no Rio de Janeiro e, na capital paulista, só vai ter mais um concerto em 2019. Portanto, a estreia realmente festiva é a do duo formado pela pianista Lilian Barretto e o violinista Emmanuele Baldini. Os dois vinham se programando há tempos para tocarem juntos, mas circunstâncias aqui e ali acabavam inviabilizando o encontro. Agora, vai. No programa, Fauré, Clara Schumann, Villa-Lobos e Piazzolla. O duo faz um segundo concerto na quinta, 17, no Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro.
“Baldini, assim que chegou ao Brasil, ouviu um disco meu com o violinista Paulo Bosísio, em que tocávamos a Sonata de Leopoldo Miguez, e se apaixonou pela obra”, conta Lilian. “Desde que se radicou no Brasil, tivemos alguns contatos esparsos que se intensificaram com minha mudança para São Paulo. Foi natural pensarmos em tocar juntos”, ela conta.
O violinista, que acaba de lançar pela Naxos um disco com a pianista Karin Fernandes, falou do fato em reportagem no Site CONCERTO e acrescenta que ficou “honrado com o convite”. “É muito bom estar com Lilian na retomada de sua atividade de camerista, com seu vasto repertório para piano e violino”, acrescenta Baldini. “É uma formação natural para ela.”
E para ele: Emmanuelle Baldini, nascido em Trieste, é filho de dois pianistas e cresceu tocando o repertório para a formação. Com uma carreira premiada na Europa, veio para o Brasil em 2005, convidado para o posto de spalla da Osesp, que mantém desde então.
“É muito bom estar com Lilian na retomada de sua atividade de camerista, com seu vasto repertório para piano e violino”
Emmanuele Baldini
O programa começa com uma homenagem a Clara Schumann nos 200 anos de nascimento da pianista e compositora alemã, o Romance nº 1 op. 22. “Era uma mulher à frente de seu tempo”, pontua Lilian, pesquisadora informal da produção feminina na música de concerto. “Foi a primeira pianista a fazer turnês internacionais e sua produção, embora pouco tocada aqui nas Américas, é muito requintada. Mas o esquecimento dessas figuras femininas não é surpresa: como Alma Mahler e Fanny Mendelssohn, seu nome ficou em segundo plano, como era comum na época.”
O romantismo está presente também na peça de Fauré, “mais do que impressionista, é uma sonata romântica tardia”, avalia a pianista. Peça composta nos 30 anos do francês, é um desafio técnico e interpretativo, inclusive na avaliação de Camille Saint-Saëns presente à primeira execução pública da peça, em 1877, depois da qual ressaltou “a novidade das formas, as sonoridades curiosas, o emprego dos ritmos mais imprevistos”. As peças que completam o programa são latino-americanas: O canto do cisne negro, de Villa-Lobos, e Adios Nonino e Libertango, de Piazzolla. “Piazzolla faz parte da minha vida desde que conheci o bandoneonista e arranjador Daniel Binelli, com quem toquei muitas vezes”, lembra Lilian. “Esses arranjos são de Binelli/Piazzolla, inclusive a cadência, que é do próprio compositor.”
Os dois instrumentistas esperam que o duo, passada a estreia, tenha uma presença constante na programação brasileira – isso embasou também a escolha do programa inaugural. “Quisemos colocar uma variedade de facetas da música para piano e violino, enfatizando a versatilidade do duo”, diz Baldini. Lilian segue em novembro para Bydgoszcz, na Polônia, onde integra o júri da 11ª edição do Concurso de Piano Paderewski – será o primeiro retorno da pianista ao país onde estudou, 49 anos atrás.
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