Aos dezoito anos de existência ininterrupta, e quase heroica num país de tantas dificuldades para o setor cultural, a Semana do Cravo celebra mais uma edição. De 8 a 10 de setembro, acontecem – de maneira totalmente remota pelo segundo ano – as atividades artísticas e acadêmicas do evento. Promovida desde seu primeiro momento pelo professor e instrumentista Marcelo Fagerlande, com a Escola de Música da UFRJ – junto com Mayra Pereira (Universidade Federal de Juiz de Fora) e Maria Aida Barroso (Federal de Pernambuco) –, a programação será inteiramente transmitida pelo YouTube.
“Além das nossas atividades habituais, de mesas-redondas e recitais, teremos uma presença muito destacada”, conta Marcelo. “A musicóloga Florence Gétreau, que é um nome colossal na música antiga, especialista em Organologia, vai dar um curso para os participantes da Semana.”
Não é exagero de Fagerlande – a condecoradíssima Gétreau recebeu, entre outros títulos honoríficos, o de Commandeur de l’Ordre des Arts et des Lettres e o Curt Sachs Award, e foi chefe do projeto do Museu da Música, a Cité de la Musique, em Paris. O tema é O cravo: organologia e iconografia na Europa, da Renascença ao século XX. “Florence esteve no Brasil para a segunda Semana do Cravo em 2005, e foi um enorme sucesso”, lembra o coordenador. “É ainda mais interessante quando pensamos na presença de pesquisadores, professores, nossos colegas hoje que na época eram estudantes.”
As duas mesas redondas de 2021 abordam os pilares da universidade – ensino, pesquisa e extensão – em tempos de pandemia e também as publicações sobre música no Brasil. E os recitais, dessa vez, são de responsabilidade de alunos de cravo do Brasil todo.
“Pedimos que esses alunos, de vários níveis, gravassem seus recitais e nos enviassem”, adianta Marcelo. “É um painel variadíssimo, com repertório que vai da música dos séculos XVII e XVIII a Pixinguinha, Hamilton de Holanda, música armorial no cravo. O pessoal jovem está antenado com a inserção do cravo no repertório brasileiro, ou melhor, com a investigação das possibilidades do cravo na MPB.”
Entre as instituições representadas estão, além da UFRJ, da UFJF e da UFPE, o Conservatório de Tatuí e alunos de Belo Horizonte, Goiânia, São João Del Rey, Recife. “É mesmo uma vitrine. Destaco, de Goiânia, a professora Beatriz Pavan, que impulsiona um movimento muito interessante do cravo por lá.”
Mais do que um simples encontro, a Semana do Cravo tem sido um balizador de iniciativas e ideias em torno do instrumento e de sua presença no Brasil.
“Alunos, professores, pesquisadores vão se conhecendo e colaborando, trocando experiências, debatendo”, reafirma Marcelo, que, aliás, dedicou-se em 2020 à finalização e ao lançamento de uma pequena joia – o livro O cravo no Rio de Janeiro do século XX (editora RioBooks), escrito também em parceria com Mayra e Maria Aída, comprova a presença do cravo na cidade-vitrine do Brasil através de exaustiva pesquisa em bibliotecas e jornais de época.
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