Irineu Franco Perpetuo: a ópera como protagonista

Retrospectiva 2023: Irineu Franco Perpetuo, jornalista e tradutor 

Com o fim da pandemia e da guerra sistemática do Estado contra a cultura, nossa vida musical volta com um vigor surpreendente. Programadores parecem estar alertas a questões de inclusão e diversidade, e vemos uma inaudita e bem-vinda onda de mulheres regentes e compositoras ocupando cada vez mais espaço.

A ópera não só ganha protagonismo, como se torna ainda o principal veículo de divulgação de música contemporânea, mobilizando compositores nacionais das mais diversas tendências estéticas e faixas etárias, como se refletiu nas programações do Theatro Municipal e Theatro São Pedro (em São Paulo), e do Festival Amazonas de Ópera.

Tivemos belas celebrações dos 80 anos de Aylton Escobar e Almeida Prado (in memoriam), e dos 75 de Ronaldo Miranda. Não há como não destacar o ano excepcional de André Mehmari, consolidado como autor operístico e autor de concertos para o Duo Siqueira Lima e Antonio Meneses.

A série Música do Brasil, da Naxos, continua a revelar nossa música de concerto não apenas para o mundo, como ainda para nós mesmos.

Libertada da autocracia, a Osesp começa a se recuperar da década perdida e a respirar novos e benfazejos ares. Nomes internacionais do quilate de Bryn Terfel, András Schiff, Jordi Savall e Marc-André Hamelin brindaram-nos com apresentações inesquecíveis.

Em Tiradentes, o Festival Artes Vertentes, único em sua multidisciplinaridade, teve uma edição histórica, com Leonardo Martinelli como compositor residente.

Por outro lado, não podemos deixar de nos lembrar das perdas sentidas de nomes que farão muita falta em nosso meio cultural: o querido Henrique Autran Dourado, e ainda Frederico Richter (Frerídio), Sergio Abreu, Samuel Kerr, Teca Alencar, Ilze Trindade, Hermes Jacchieri, Danilo Santos de Miranda e Marina Considera. 

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