Retrospectiva 2022: Irineu Franco Perpetuo, jornalista e tradutor
O ano do reencontro entre artistas e público, após o confinamento, não poderia ter sido mais rico. Joshua Bell, Nikolai Lugansky, Vadym Kholodenko, Piotr Beczala, Magdalena Kozena e Jakub Jozef Orlínski estão entre os grandes nomes internacionais que realizaram apresentações gloriosas por aqui.
Lá fora, nossos músicos brilharam em diversas áreas, destacando o violinista Guido Sant’Anna (com a vitória no Concurso Fritz Kreisler), o compositor Marcos Balter (com Oyá, a peça que abriu a temporada da Filarmônica de Nova York), o sopranista Bruno de Sá (com o álbum Roma Travestita) e o violonista Plínio Fernandes (com o disco Saudade), assim como o Neojiba, com sua histórica turnê europeia, a Filarmônica de Minas Gerais, tocando em Portugal, e a Osesp, igualando o feito da OSB e subindo ao palco do Carnegie Hall 45 anos depois.
Na ópera, descobrimo-nos contemporâneos e brasileiros: Leonardo Martinelli estreou dois títulos nas principais casas de São Paulo, o Municipal e o São Pedro; André Mehmari começa a firmar seu nome também nesse campo, e compositores já estabelecidos como João Guilherme Ripper e Jocy de Oliveira atestam que há um cânone operístico nacional sendo escrito no terceiro milênio.
A inestimável caixa Toda Semana: Música e Literatura na Semana de Arte Moderna, do Selo Sesc, assegura que a efeméride do centenário de 1922 não passou batida, enquanto a série Música do Brasil, da Naxos, começa a revelar ao planeta a sólida produção sinfônica de Claudio Santoro.
A nota triste fica na perda de referências incontornáveis como Gilberto Tinetti, Niza de Castro Tank, Henrique Morelenbaum, Carlos Barbosa-Lima e Edino Krieger. Mas o fim do ano permite encarar o futuro com otimismo: a Osesp finalmente se livrou do diletantismo deslumbrado que há tanto tempo atravancava sua gestão e, no cenário federal, as autoridades que criminalizavam e hostilizavam os artistas e a cultura foram varridas para a lata de lixo da História. Que 2023 seja o ano da retomada definitiva e irreversível!
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