João Marcos Coelho: é preciso abandonar o Olimpo

por Redação CONCERTO 18/01/2023

Retrospectiva 2022: João Marcos Coelho, jornalista e crítico musical 

Foi um ano de retomada da vida musical plena, após dois duríssimos anos de pandemia. E, só por este fato, devemos comemorar muito. Ficaram algumas lições que jamais deveriam ser marginalizadas ou deixadas de lado. Como, por exemplo, de que pouco ou nada adianta sentir-se num Olimpo quando o entorno social, cultural, político e artístico “grita” literalmente por criações que tenham – ainda que tênues – vínculos com esta realidade.

Outro fato importante foi a troca de comando na Osesp. A expressão “fadiga de material” já vinha sendo ouvida há anos pelos corredores da Sala São Paulo. Pena que, de certo modo, volta-se ao modelo de maestro estrangeiro que fica pouco por aqui, fórmula que já se demonstrou falida no passado recente. Melhor ter alguém, ainda que não ideal, 24 horas por dia presente na vida da orquestra do que um ilustre visitante.

Ainda bem que aconteceu num momento em que a Osesp agora convive com outras orquestras tão bem-sucedidas como ela. Caso específico do esplêndido trabalho de Fábio Mechetti à frente da Filarmônica de Minas Gerais. Muito positiva também a reinvenção da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. A efervescência lírica no Theatro São Pedro, com várias óperas encomendadas, também precisa ser comemorada.

Durante a pandemia, orquestras como a de Santo André e a Ocam-USP destacaram-se de modo formidável por sua capacidade de criar vínculos poderosos com a dura realidade que nos cercava. Que o expressivo trabalho de Abel Rocha, na primeira, e de Gil Jardim, na segunda, repitam-se agora com a vida musical a todo vapor.

[Clique aqui para ler outros depoimentos publicados na Retrospectiva 2022 da Revista CONCERTO.]

 

João Marcos Coelho

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