Retrospectiva 2022: Livia Sabag, diretora cênica
Além da expansão de temporadas e de projetos de formação, de mudanças de mentalidade e linhas de trabalho por parte de instituições e produtores culturais, em 2022 o campo da ópera testemunhou a continuidade (em um país onde a descontinuidade impera) de um importante movimento, impulsionado pelo contexto pandêmico: o crescimento significativo de encomendas e estreias de obras inéditas.
Tive a alegria de participar desse movimento, por mais um ano, em dois projetos distintos. Em julho, no Theatro São Pedro de São Paulo como libretista e encenadora da ópera O canto de cisne, uma adaptação livre da obra homônima de Anton Tchekhov, com música de Leonardo Martinelli.
Em novembro, como encenadora da ópera A procura da flor, de André Mehmari com libreto de Geraldo Carneiro, uma obra encomendada pelo Festival de Música Erudita do Espírito Santo para a sua décima edição e onde atuei também como diretora artística convidada.
Nas duas jornadas tive ao meu lado o maestro Gabriel Rhein-Schirato, um grande parceiro com quem venho desenvolvendo projetos que enfocam a criação artística. Esse novo momento, de profusão de encomendas e criações traz, no entanto, os seus desafios.
Como artista participante de algumas dessas iniciativas, percebo que ainda há um grande descompasso entre as atuais práticas de trabalho dos teatros de ópera, instituições culturais, assim como de diversos agentes do campo e as demandas e caminhos que uma obra nova exige, inspira e provoca.
É verdade que avançamos bastante, mas sabemos que novas criações pedem novas práticas e novas relações, como tempos específicos de produção e processos mais colaborativos, para mencionar apenas alguns exemplos.
Acredito que o caminho está no diálogo, já não sobre macromudanças, mas sobre micromovimentos e percepções, detalhes. Torço para que em 2023 consigamos tornar a nossa escuta mais sensível, ampliando ainda mais a nossa capacidade de dialogar.
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