Maíra Ferreira: desafios de uma nova escrita coral

Retrospectiva 2022: Maíra Ferreira, regente titular do Coral Paulistano 

2022 foi marcado por grandes desafios e uma certa euforia, com a retomada da programação integralmente presencial. Foi um ano rico para a música coral na cidade de São Paulo, com os principais grupos em atividade prezando pela divulgação de novas obras e pela estreia de compositoras e compositores brasileiros.

O Coral Paulistano desempenhou um papel significativo na promoção da música brasileira e latino-americana, sobretudo aquela que está sendo escrita hoje. Abrimos o ano com as comemorações do centenário da Semana de 22, destacando não apenas os compositores que participaram do evento, mas também os poetas que estavam ligados ao movimento modernista. Não poderíamos ter começado de outra forma, já que o próprio Coral Paulistano, um dos desdobramentos da Semana de Arte Moderna, tem hoje não só a responsabilidade, mas o desejo de impulsionar esse repertório.

Partindo dessa vocação, estreamos em maio a ópera Café, de Felipe Senna, com libreto do idealizador do coro, Mário de Andrade. No momento em que celebramos os 100 anos do que representou o auge do modernismo – a busca pela personalidade da arte brasileira e a valorização do trabalhador –, foi importante e simbólico representar, nessa grande ópera coral, a força e a coragem coletivas através das vozes do coro.

A partir da reflexão sobre esses ideais, voltamos nossos olhares para obras e compositores que representassem a diversidade dos artistas e da música brasileira, introduzindo conscientemente e de maneira mais orgânica o nome de mulheres ao longo da temporada. Destacam-se ainda a Cantata de André Mehmari e o concerto Novas Sonoridades, trazendo os desafios de uma nova escrita coral. Seguiremos em 2023 com o mesmo entusiasmo, dando voz e espaço para a produção atual.

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