Retrospectiva 2022: Nelson Rubens Kunze, diretor-editor da Revista CONCERTO
Considerando o contexto, 2022 foi um ano bom para a atividade da música clássica no Brasil. A atenuação da pandemia pela ampla vacinação possibilitou, ao longo do ano, o retorno a uma relativa normalidade das programações sinfônicas e líricas.
Assim, as nossas orquestras puderam retomar em grande parte as suas atividades, puxadas pelas ambiciosas temporadas da Osesp, da Filarmônica de Minas Gerais e da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Na área da ópera, destacaram-se o Theatro Municipal de São Paulo, o Theatro São Pedro e o Festival Amazonas de Ópera. Também aconteceram programações comemorativas ao bicentenário da Independência, entre as quais as turnês ao exterior empreendidas pelo Neojiba, pela Osesp e pela Filarmônica de Minas Gerais.
Além das temporadas internacionais da Cultura Artística, do Mozarteum Brasileiro e da Dellarte, quero lembrar também dos diversos festivais promovidos em todo o país e que proporcionaram grandes momentos artísticos.
Um dos mais importantes fenômenos de nossa área nos últimos anos – e que teve força especial em 2022 – é o da encenação de novas óperas brasileiras. Entre muitas outras, quero citar três produções: inicialmente, a primeira encomenda na história do Theatro Municipal de São Paulo para dois títulos baseados em Plínio Marcos, Navalha na carne, de Leonardo Martinelli, e Homens de papel, de Elodie Boundy; depois, Aleijadinho, de Ernani Aguiar, encenação do Palácio das Artes de Belo Horizonte que estreou em praça pública defronte à Igreja São Francisco de Assis, em Ouro Preto; e por fim – mas não em último –, a ópera O auto da compadecida, de Tim Rescala, produção da Orquestra Ouro Preto que foi apresentada em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. É auspicioso. Acredito que seja um sinal da atualidade e vitalidade do gênero, que desde sempre enfrenta dificuldades para se desenvolver no Brasil.
Vejo o ano de 2023 com otimismo, agora que o Brasil retoma seu projeto de desenvolvimento civilizatório. Creio que, com a refundação do Ministério da Cultura e os novos aportes financeiros destinados ao setor, poderemos trabalhar também para o incremento e enriquecimento do ecossistema clássico brasileiro.
Não poderia finalizar esse texto sem mencionar a tricentésima edição da Revista CONCERTO, publicada em dezembro passado, uma conquista inédita para revistas culturais brasileiras. Por este marco quero agradecer aos teatros, às orquestras, aos promotores, aos nossos jornalistas e equipe de produção, e a você, nosso fiel e exigente leitor.
E quero agradecer também aos nossos anunciantes Theatro Municipal de São Paulo, Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Sala Cecília Meireles, Selo Sesc, Projeto Sinos, Mozarteum Brasileiro, Orquestra do Theatro São Pedro de Porto Alegre, Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Filarmônica de Minas Gerais, GuitarCoop, Santa Marcelina Cultura, Hotel Toriba e muitos outros. Ao comunicarem na Revista CONCERTO suas atividades e mensagens a milhares de pessoas que compõem o público clássico brasileiro, nossos anunciantes também contribuem para o fortalecimento de todo setor.
Desejo a todos um Ótimo 2023, com muita saúde e música!
(Ao longo deste mês de janeiro, publicaremos neste espaço, diariamente, os depoimentos de alguns dos mais influentes profissionais do setor, entre músicos, promotores e gestores. Acompanhe o Revista e o Site CONCERTO e fique por dentro de tudo que se passa na área da música clássica e da ópera.)
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