Sidney Molina: tempo preciso, criatividade e som bonito

Retrospectiva 2022: Sidney Molina, violonista, professor e crítico de música da Folha de S. Paulo 

Autor da Ode à alegria, utilizada por Beethoven em sua derradeira sinfonia, Friedrich Schiller escreveu que a arte permite ao ser humano “sentir por ser consciente e ser consciente por sentir”. Pela primeira vez – após o baque da pandemia – tivemos um ano pujante, no qual as realizações sonoras, as experiências reais da música clássica, equilibraram novamente projetos e suas manifestações, a busca por universalidade e a existência concreta no tempo real.

Concertos da Osesp com obras de Elgar, Adès e Strauss, ou com Stravinsky, Haydn e Frank Martin; ou da Cultura Artística com Joshua Bell regendo a Academy of St Martin in the Fields e ainda solando o Concerto para violino de Tchaikovsky; ou ainda a recepção ao jovem premiado violinista Guido Sant’Anna, que solou Brahms com a Filarmônica de Câmara Alemã de Bremen (em programa também contendo Britten e Mozart) certamente estão entre os especiais do ano.

A ópera chamou muita atenção da mídia especializada em 2022, tanto pelo inédito número de novas encomendas como pela ambição das próprias montagens. Síntese equilibrada entre inteligência e realização, a produção do Theatro São Pedro da Ópera dos três vinténs (Weil/Brecht) trouxe camadas interpretativas que ainda merecem decodificação.

Desde a estreia na programação artística ligada à ECO-92, são exatamente 30 anos de concertos, gravações, viagens – e sobretudo ensaios – do Quaternaglia, grupo de câmara que ajudei a criar e onde atuo ao lado de Thiago Abdalla, Fabio Ramazzina e Chrystian Dozza. Como parte da celebração foram lançados os álbuns Down the Black River, com obras de Sergio Molina para quatro violões, piano e orquestra, e Bellinati’s Mosaic.

Que 2023 venha com tempo preciso, criatividade e som bonito. 

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