Músico passará a ocupar a cadeira nº 34, do compositor e gestor cultural Edino Krieger
É a produtora Neném Krieger, viúva do compositor Edino Krieger, quem conta: “Toda vez que se abria uma vaga na Academia Brasileira de Música, pelo falecimento de algum colega, Edino comentava comigo que adoraria ver o Tim Rescala se candidatando. Sabia que ele não era afeito a campanhas, formalidades, processos desse tipo, mas achava que seria uma ótima aquisição para a ABM”.
E, de fato, Tim nunca foi à frente com a candidatura, apesar das sugestões vindas de diversos amigos. Dessa vez, foi diferente. Ele acaba de ser eleito para a cadeira nº 34, justamente a de Edino Krieger, falecido no dia 6 de dezembro de 2022. “Edino tinha uma imensa admiração por Tim, pela pessoa, pelo caráter, pelo talento. Dizia: ‘Tim é sensacional em tudo o que faz’. Pouco antes de ser internado, mencionou mais uma vez o assunto.”
“Só obedeci às ordens da Neném”, explica Tim, por chamada de vídeo desde Manaus, onde foi montado seu Auto da Compadecida. “Eu já tinha sido sondado duas vezes para concorrer, mas não me animava, principalmente por já fazer parte de várias representações e grupos na área da música. Mas quando ela disse que era um desejo do Edino que eu assumisse a cadeira dele, para mim foi uma ordem." A conversa aconteceu na homenagem da Academia a Edino, em março, com a presença do Trio Aquarius – que havia gravado em 2020 o CD Entre amigos, dedicado à obra de Edino, justamente no estúdio de Tim. “No dia seguinte, já tornamos oficial a candidatura. Edino é figura solar e referencial da música e foi um grande amigo.”
O compositor carioca, que acaba de celebrar seus 60 anos em 2022 (“festejei os 60 já com 61, por causa da pandemia, e achei bom: agora vou andar para trás na idade”, brinca), tem uma carreira intensa e premiada nos palcos, nos estúdios, no rádio e na TV. E em todos os gêneros: do infantil à ópera, da música sinfônica ao teatro, das trilhas para novelas e séries ao humor e ao rádio.
“E vejo a Academia Brasileira de Música não como aquele lugar tradicional de pura homenagem”, diz. “É na atividade de fomento, de iniciativas, de projetos, concertos, debates, CDs, de apoio que a ABM faz um ótimo trabalho. Sou cliente do banco de partituras da ABM – ano passado comprei uma partitura do padre José Maurício para usar numa minissérie. Aliás, é assim que eu vejo a universidade também.” O dinamismo da ABM foge ao caráter tradicional – “isso porque muita gente, como Ripper, André Cardoso e o próprio Edino, assumiu a presidência e trabalhou pela mudança, pelo caráter de instituição ativa”.
A amizade intergeracional com Edino tinha outro ponto forte – ambos foram alunos de Hans Joachim Koellreutter. “Além de aluno, eu era vizinho dele na Urca, a ponto dele me ouvir tocar piano. Às vezes telefonava e dizia ‘Hoje não está bom, ontem estava melhor’”, se diverte Tim.
A eleição – com mais dois candidatos, que desistiram antes da votação – foi realizada no início de junho e a posse está marcada para o dia 25 de julho, com um concerto na Sala Cecilia Meireles onde vai se tocar a peça Bipolar, composta por Tim para a celebração dos 60 anos. “E vai ser com a Nacional da UFF, que tocou comigo ano passado.” Antes disso, acontece nos dias 7 e 8 a estreia de Prokofonia, peça encomendada pela Sala Cecilia Meireles e que será tocada pela Sinfônica Brasileira sob a batuta de Ligia Amadio; e, no dia 15, o Auto da Compadecida será apresentado na Praia de Copacabana. “Acho que é a primeira vez que se faz ópera na praia; vai ser muito interessante”, encerra.
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