Diretor da Orquestra de Filadélfia e do Metropolitan Opera House de Nova York, o maestro Yannick Nézet-Séguin publicou na terça-feira, dia 19, uma carta aberta endereçada ao presidente eleito norte-americano Joe Biden e à vice-presidente Kamala Harris pedindo ajuda para o setor artístico.
A carta diz que a chegada de Biden à presidência não poderia acontecer “em momento mais oportuno”. “Como muitas indústrias, as artes e a cultura sofreram gravemente durante a pandemia do Covid-19, e o vital apoio governamental para as artes tem sido até agora insuficiente. (...) Para nós artistas e para cidadãos que trabalham com a arte, o impacto tem sido catastrófico. Perdemos renda, trabalhos e meios de sustento.”
O Metropolitan fechou suas portas em março e só pretende voltar a ter apresentações no segundo semestre deste ano. Os músicos não recebem salários desde abril e, segundo a associação de artistas do teatro, um terço deles teve que deixar Nova York.
Na semana passada, eles emitiram comunicado afirmando que o Metropolitan era um ponto fora da curva no meio musical americano, lembrando que as demais orquestras do país receberam algum tipo de compensação financeira durante o período de portas fechadas.
A situação levou o maestro italiano Riccardo Muti, diretor da Sinfônica de Chicago, a publicar uma declaração chamando a situação de “inacreditável” e pedindo que os músicos recebessem apoio. “O Met, sua orquestra e os times artístico e técnico são patrimônio da humanidade”, disse Muti. “O mundo artístico não pode acreditar que a própria existência de uma orquestra como a do Met esteja em perigo.”
Na carta a Biden e Harris, Nézet-Séguin não cita especificamente a situação do Metropolitan. Defendendo o papel da arte no processo de “cura do país”, ele afirma que, para que o setor cultural sobreviva e floresça depois de 2020, é necessária “ação imediata”.
“Artistas precisam de apoio financeiro para criar; as instituições artísticas da América precisam de dinheiro para sobreviver. Com a vacina, podemos finalmente começar a ver o fim da pandemia, mas as implicações financeiras vão durar anos sem uma intervenção governamental significativa.”
O maestro pede também que o presidente e a vice-presidente considerem nomear para uma posição no gabinete um representante do mundo das artes. “Para elevar as artes, precisamos de uma voz na mesa de decisões, uma voz que será ouvida.”
“Historicamente, programas bancados pelo governo introduziram gerações ao mundo das artes, mostrando aos cidadãos deste país que a arte é uma questão pública, um benefício público profundo, e está entre os principais produtos de exportação de nosso país”, termina a carta.
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