Volume 28

por Redação CONCERTO 02/05/2025

[Reprodução capa]

CÉSAR GUERRA-PEIXE (1914-93)

1-3 – Symphony nº 1 (1945-46) (primeira gravação mundial)
4-6 –
Noneto (1946) (primeira gravação mundial)
7-10 –
Symphony nº 2, Brasília (1960)

Orquestra Filarmônica de Goiás
Coro Sinfônico de Goiás
Coro Sinfônico Juvenil de Goiás
Neil Thomson
– regente


Texto da Revista CONCERTO, edição de maio de 2025

A importância da gravação da integral das sinfonias de Claudio Santoro pela Orquestra Filarmônica de Goiás não deve eclipsar outro ciclo que o grupo vem realizando para a série Música do Brasil, do Selo Naxos: o ciclo dedicado às obras do compositor César Guerra-Peixe. Com regência do diretor artístico e maestro titular Neil Thomson, a filarmônica já lançou dois discos: o primeiro com A retirada da laguna e o Concertino (solos de Abner Landim); e o segundo com as Suítes sinfônicas nº 1 e nº 2. Agora chega o terceiro volume, com a Sinfonia nº 1 e a Sinfonia nº 2, Brasília. Guerra-Peixe teve sua linguagem influenciada por Hans-Joachim Koellreutter e integrou o movimento Música Viva, ao lado de Claudio Santoro, Edino Krieger e Eunice Katunda. A partir dos anos 1950, no entanto, ele enveredaria pelo nacionalismo musical – e as obras dessa fase estão entre suas mais conhecidas. Daí a primeira importância do álbum, de trazer duas peças dessa fase de corte serialista. Mas há outras: ter contato com a inventividade da escrita do autor e a partir de uma interpretação idiomática de uma orquestra que teve a obra de Guerra-Peixe como um dos eixos de reestruturação. Mais um lançamento histórico da série Música no Brasil.

Clique AQUI para comprar na Loja CLÁSSICOS
Clique AQUI para ouvir 


Contracapa CD
[Reprodução capa]

Texto do encarte

César Guerra-Peixe (1914–1993)
Sinfonias nºs 1 e 2.Brasília /  Noneto

É difícil pensar em duas obras do mesmo gênero, e do mesmo compositor, tão diferentes entre si quanto as duas sinfonias de César Guerra-Peixe. Em 1937, Guerra-Peixe era um jovem compositor, escrevendo em estilo neoclássico, com toques de nacionalismo – mas este foi o ano em que Hans-Joachim Koellreutter chegou ao Brasil vindo da Alemanha (um dos muitos artistas europeus que vieram para as Américas para escapar do regime nazista). Koellreutter logo fundou o grupo Música Viva, apresentando a jovens compositores brasileiros como Claudio Santoro, Edino Krieger e Guerra-Peixe, entre outras ideias, os princípios do serialismo.

A relação de Guerra-Peixe com a composição dodecafônica foi intensa e efêmera, uma espécie de paixão juvenil. Após seis anos de dedicação à escrita de obras serialistas, ele abandonou os ideais da Música Viva e abraçou uma estética nacionalista. Sua Primeira Sinfonia e Noneto, no entanto, datam de seus anos serialistas e são duas das melhores obras produzidas por esse movimento no Brasil.

Ele começou a escrever a Primeira Sinfonia em dezembro de 1945 e a concluiu em 14 de março de 1946. A obra foi estreada mais tarde naquele ano em Londres pela Orquestra Sinfônica da BBC, regida por Maurice Miles. Foi bem recebida na Europa: o maestro alemão Hermann Scherchen, por exemplo, executou-a com a Tonhalle-Orchester Zürich para a Rádio Zurique em 1948. De fato, Guerra-Peixe lembrou-se de Scherchen lhe ter perguntado diversas vezes quando planejava escrever uma segunda sinfonia, tão impressionado ficara com a Primeira.

A Sinfonia nº 1 é uma obra curta, com cerca de 20 minutos de duração, escrita para instrumentos condensados: um único instrumento de sopro com a adição de um segundo clarinete, trompete, tímpanos, piano e cordas. Essa economia de recursos foi um traço estilístico significativo, provavelmente decorrente do trabalho de Guerra-Peixe com orquestras de rádio, que frequentemente contavam com um efetivo limitado.

Os três movimentos da sinfonia seguem um padrão convencional rápido-lento-rápido. A obra é escrita inteiramente na técnica dodecafônica, e há uma variedade de expressões nos aspectos lineares da série. O Allegro de abertura baseia-se em dois temas. O primeiro deles é dividido, por sua vez, em dois motivos: o primeiro é apresentado pelo trompete, o segundo por cordas uníssonas, e ambos são construídos a partir da série em sua forma original. Há uma mudança tanto de caráter quanto de andamento no segundo tema, antecipando, em certa medida, o contraste mais notável introduzido pelo movimento seguinte. Este segundo tema utiliza a série retrógrada e é confiado ao violoncelo, que estabelece um diálogo com os tímpanos.

No segundo movimento, Largo , a série é ouvida em sua forma invertida e a música explora sonoridades mais introspectivas. Mudanças no timbre são alcançadas pela introdução de instrumentos e recursos auxiliares – corne inglês e celesta substituem o oboé e o piano, respectivamente, e o trompete é silenciado na maior parte do movimento.

O terceiro movimento é dividido em três seções, denominadas VivacissimoLarghetto e Vivace. A primeira, uma espécie de scherzo, é construída a partir de um processo de derivação da série invertida. O Larghetto funciona como uma transição, na qual elementos previamente apresentados são reconfigurados e, por meio de um solo de tímpanos, conduzem ao Vivace final. Quase fugato em estilo, esta seção utiliza novamente a série em sua forma original, embora agora transposta. O retorno ao aspecto linear original da série proporciona coesão em termos de organização estrutural da obra.

A obra de câmara mais significativa composta por Guerra-Peixe durante seu período serialista é o Noneto. Foi escrito em 1945, revisado em 1947 e estreado – provavelmente na última versão – em 1948 na Rádio Zurique, novamente sob a regência de Hermann Scherchen. Composto em três movimentos, AllegroLento e Vivace, o Noneto é escrito para flauta, clarinete, fagote, trompete, trombone, violino, viola, violoncelo e piano. Empregando um serialismo mais austero do que a Primeira Sinfonia , ele se situa em um dos extremos do espectro estilístico de Guerra-Peixe e (ao contrário da sinfonia) sua escrita atemática é livre de qualquer infiltração nacionalista. O próprio compositor declarou: "no Noneto cheguei ao ponto de nunca repetir uma ideia melódica ou rítmica".

A ruptura de Guerra-Peixe com o serialismo foi um processo bastante público, por vezes beirando o litigioso, com manifestos, cartas abertas, debates e críticas à técnica anterior e ao seu mestre, todos avidamente cobertos pela imprensa brasileira. Da década de 1950 até o fim de sua vida, o compositor desfrutou de uma relação estável e duradoura com o nacionalismo, cujos muitos frutos incluiriam sua Sinfonia nº 2. Escrita mais de uma década após as investigações de Scherchen e a mudança estilística de Guerra-Peixe, ela foi finalmente criada em resposta a um concurso organizado em 1960 pelo Ministério da Educação e Cultura do Brasil para celebrar a construção de Brasília, a nova capital do país. Um prêmio de 500.000 cruzeiros foi oferecido à obra vencedora, uma quantia muito significativa para a época – a título de comparação, este era o mesmo valor que havia sido gasto na construção do Catetinho, a residência oficial temporária do presidente em Brasília.

O concurso pedia a composição de uma sinfonia nacionalista, para grande orquestra, com ou sem coro, com duração entre 30 e 45 minutos e intitulada 'Sinfonia Brasília'. Os membros do júri eram os compositores Francisco Mignone, Camargo Guarnieri e o maestro Lamberto Baldi, que havia sido professor e mentor do jovem Guarnieri. Em um resultado surpreendente, nenhum dos candidatos recebeu o primeiro prêmio. Em vez disso, a Segunda Sinfonia de Guerra-Peixe, a Sétima de Claudio Santoro e a Terceira de José Guerra Vicente empataram em segundo lugar, o que significa que ninguém tinha direito a uma parte do grande prêmio em dinheiro. Isso parece ter sido muito frustrante para Guerra-Peixe, que registrou em seu catálogo que a obra havia sido 'desqualificada' e nunca mais escreveu outra sinfonia. Curiosamente, Guarnieri planejava compor sua própria sinfonia "Brasília" desde pelo menos 1959. Sua nomeação para o júri o impediu de apresentar sua própria obra, mas ele não abandonou o projeto. Começou a compor sua Sinfonia Brasília (sua quarta sinfonia) antes do anúncio dos resultados do concurso, em outubro de 1960, e a concluiu três anos depois.

A Sinfonia nº 2, "Brasília", de Guerra-Peixe, estreou em 12 de dezembro de 1963, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Isaac Karabtchevsky estava à frente da Orquestra Sinfônica Nacional e o próprio compositor foi um dos primeiros violinos. A sinfonia foi bem recebida pela crítica, conquistando prêmios significativos não apenas em 1963, mas também em 1986. Uma obra programática, é dividida em quatro movimentos, como segue:

I. O candango em sua terra ('O Trabalhador em sua Terra') (Allegro ma non troppo)

II. Trabalho ('O Trabalho') (Presto)

III. Elegia para o ausente ('Elegia ao amigo ausente') (Andante)

4. Manhã de domingo – Tarde infantil – Desce a noite – Volta ao trabalho – Inauguração da cidade – Apoteose.

Ao longo da obra, o coro desempenha um papel predominantemente tímbrico – a incorporação de vocalises, onomatopeias e rimas infantis resulta em material com sutil carga semântica, que reforça o caráter programático da sinfonia. O momento-chave ocorre na quinta seção do movimento final, Inauguração da cidade , em que o compositor convoca um orador para recitar trechos do discurso do presidente Juscelino Kubitschek aos operários que construíram Brasília. Neste álbum, assim como em apresentações ao vivo da obra no Brasil, utiliza-se uma gravação do discurso de Kubitschek, como forma de melhor evocar as origens da sinfonia e as circunstâncias que inspiraram sua composição.

A construção de Brasília marcou uma nova fase no desenvolvimento do Brasil como uma nação independente, e as sinfonias que levam o nome da cidade por Guerra-Peixe e seus colegas são um registro poderoso da complexa rede de crenças e motivações que guiaram inúmeros brasileiros em sua busca para conquistar o coração do Brasil.

Marechal Gaioso Pinto


Orquestra Filarmônica de Goiás
Desde a sua criação em 1980 pelo maestro Braz de Pina Filho, a Orquestra Filarmônica de Goiás tem se comprometido com a democratização da música clássica no estado de Goiás, dando ênfase especial à música brasileira em sua programação.
Em 2012, a orquestra passou por uma grande reestruturação que marcou o início de seu período mais frutífero e criativo, culminando na nomeação, em 2014, de Neil Thomson como Maestro Titular e Diretor Artístico. Sob a liderança de Thomson, a orquestra rapidamente evoluiu de um conjunto de importância local para um de importância nacional. Atualmente amplamente reconhecida como uma das três principais orquestras do Brasil, a Orquestra Filarmônica de Goiás é conhecida por seu estilo de tocar enérgico e dinâmico, além de sua abordagem inovadora à programação.
A orquestra estreou na América do Sul "Des canyons aux étoiles", de Messiaen, "Rituel in memoriam", de Bruno Maderna, de Boulez, e "Como una ola de fuerza y ​​luz", de Nono. Também está envolvido em um projeto de dez anos para filmar as sinfonias completas de Haydn, 'Haydn no Cerrado'.

Neil Thomson – regente
Neil Thomson (1966) estudou regência no Royal College of Music com Norman Del Mar e na escola de verão Tanglewood com Leonard Bernstein.
É regente titular e diretor artístico da Orquestra Filarmônica de Goiás desde 2014, liderando a orquestra à proeminência nacional com sua defesa do repertório brasileiro e contemporâneo. Ele também desfruta de uma intensa carreira internacional, trabalhando com todas as principais orquestras do Reino Unido e com a Orquestra Sinfônica Yomiuri Nippon, a Orquestra Filarmônica de Tóquio, a Orquestra Sinfônica de Tóquio, a Orquestra Nacional Russa, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), a WDR Rundfunkorchester, a Orquestra Sinfônica de Lahti e a Orquestra Nacional Romena, entre outras.
Apresentou-se com diversos solistas renomados, incluindo Dame Felicity Lott, Sir Thomas Allen, Sir James Galway, Nelson Freire, Jean Louis Steuerman e Antonio Meneses. De 1992 a 2006, foi professor de regência no Royal College of Music, em Londres, tornando-se o mais jovem a ocupar esse cargo. Foi nomeado Membro Honorário do RCM em reconhecimento aos seus serviços prestados à instituição.

www.neilwthomson.com


Texto Site Concerto 30/04/2025,
por Irineu Franco Perpetuo

Álbum do selo Naxos com a primeira e a segunda sinfonias e o Noneto culmina uma série de três CDs dedicados ao compositor que a Filarmônica de Goiás, dirigida por Neil Thomson, gravou entre 2015 e 2017

O mais recente volume da série A Música do Brasil, da Naxos, permite-nos descobrir o Guerra-Peixe que o próprio compositor repudiava. Ao lado de sua faceta nacionalista exuberante, vemos ainda o lado que ele mesmo renegou: o de autor dodecafônico.

Talentoso violinista e regente, o petropolitano César Guerra-Peixe (1914-1993) foi uma figura dominante da música brasileira no século XX, quer como mentor do Movimento Armorial, no Recife, quer como arranjador de música popular (como no antológico álbum dos Afro-Sambas de Vinícius de Moraes e Baden Powell (clique aqui), de 1966, ou no jingle Pra Frente, Brasil, que embalou a conquista brasileira da Copa do Mundo de 1970), quer como rigoroso pesquisador do folclore, quer como professor de luminares como Guilherme Bauer, Ernani Aguiar, Nestor de Hollanda Cavalcanti, Clóvis Pereira, Sivuca e Paulo Moura, dentre muitos outros.

A estes pregou o nacionalismo aprendido na cartilha de Mário de Andrade, e que utilizou nas suas partituras mais célebres e executadas. Há, porém, um Guerra-Peixe anterior. Fascinado, como outros compositores de sua geração, pela carismática figura do alemão Hans Joachim-Koellreutter (1915-2005), aprendeu com ele o dodecafonismo de Schönberg, aplicado nas duas obras que abrem este CD da Naxos: a Sinfonia nº 1 e o Noneto – que recebem aqui suas primeiras gravações mundiais.

Poucas partituras sinfônicas brasileiras tiveram a fortuna internacional da primeira sinfonia de Guerra-Peixe: ela foi estreada pela Sinfônica da BBC de Londres, sob a regência de Maurice Miles, em 1946. Ainda mais: contou com o apreço de um professor de Koellreutter, o berlinense Hermann Scherchen (1891-1966), que a apresentou em Zurique com a Orquestra Tonhalle, em 1948.

A façanha não é pequena. Afinal, Scherchen foi um dos grandes divulgadores da música contemporânea no século XX, aparecendo com destaque em O jogo dos olhos, monumental romance autobiográfico de Elias Canetti, que afirma que o regente “mantinha-se à espreita do que fosse diferente, pois este permanecia ainda por aprender. Caiu-lhe como uma luva o período de renovação musical que vivenciou, pois, para se renovar, a música ramificou-se de maneira inaudita. Cada escola, contanto que fosse nova, colocava-o diante de uma tarefa, e resolver novas tarefas era o que queria e sabia fazer”. Para Canetti, Scherchen “era, assim, o primeiro a ter apresentado ao público esta ou aquela peça totalmente estranha – seu descobridor, por assim dizer. Cuidava para que essas descobertas se somassem, para que as houvesse sempre em maior número”.

Com engenharia de som do mago Ulrich Schneider, o disco não é menos do que primoroso. Thomson e seus comandados transmitem à perfeição os estilos contrastantes de Guerra-Peixe presentes no álbum, entregando a transparência requerida pela Sinfonia nº 1, a austeridade camerística do Noneto e a viçosa catarse da Sinfonia nº 2

Concisa e sofisticada, a Sinfonia nº 1 tem uma textura translúcida e instrumentação extremamente criativa. Não por acaso, estimulou o apetite onívoro de Scherchen, que em 1948, na Rádio de Zurique, estrearia outra criação serialista de Guerra-Peixe: o Noneto, para flauta, clarineta, fagote, trompete, trombone, piano, violino, viola e violoncelo, cujo caráter ascético faz duvidar que a partitura seja da mesma lavra do autor do colorismo variegado de A Retirada de Laguna e Museu da Inconfidência.

Polemista inflamado, Guerra-Peixe não conseguiu trocar de tendência estética como quem troca de camisa. Abjurou o dodecafonismo de forma ruidosa: no virulento artigo Que ismo é esse, Koellreutter?, publicado em 1953, na revista Fundamentos, acusou o ex-mestre de plagiar escritos do musicólogo luso Fernando Lopes-Graça (1906-1994).

Assim, escrita em 1960, para o concurso que premiaria uma obra dedicada à construção da nova capital brasileira (e que terminou em tríplice empate entre ele, Claudio Santoro e Guerra Vicente), a segunda e derradeira sinfonia de Guerra-Peixe, com o subtítulo Brasília, parece vinda de um outro mundo.

Eufórica, colorida e cinematográfica, a obra é uma afirmação vigorosa do nacionalismo musical ao qual nos acostumamos a associar o nome de Guerra-Peixe. A sinfonia prevê intervenções do coro ora com parlendas, ora com vocalises e onomatopeias, e ainda um narrador que leria excertos de um discurso do presidente Juscelino Kubitschek – na presente narração, substituído por um trecho da fala de JK no dia da inauguração de Brasília, pela voz do próprio mandatário.

O álbum culmina uma série de três CDs dedicados ao compositor que a Filarmônica de Goiás, dirigida por Neil Thomson, gravou entre 2015 e 2017, ainda antes que a série da Naxos fosse criada. Com engenharia de som do mago Ulrich Schneider, o disco não é menos do que primoroso. Thomson e seus comandados transmitem à perfeição os estilos contrastantes de Guerra-Peixe presentes no álbum, entregando a transparência requerida pela Sinfonia nº 1, a austeridade camerística do Noneto e a viçosa catarse da Sinfonia nº 2. Fosse qual fosse o seu “ismo”, Guerra-Peixe era um baita compositor.

[O disco está disponível na Loja Clássicos; clique aqui]

 

Curtir

Comentários

Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da Revista CONCERTO.

É preciso estar logado para comentar. Clique aqui para fazer seu login gratuito.