Crise leva à substituição de María Victoria Alcaraz, diretora geral do teatro
Em início de fevereiro, a diretora do balé do Teatro Colón, Paloma Herrera, ex-bailarina que fez destacada carreira nos Estados Unidos, pediu demissão do cargo, alegando que não era possível trabalhar com apenas metade dos 100 bailarinos do corpo estável. Em seu pedido de demissão, Herrera também reclamou de falta de comunicação e aludiu a divergências com o diretor executivo do Teatro Colón, Martín Boschet, tanto em relação à programação da temporada 2022 quanto a audições.
Paloma Herrera afirmou que o que leva ao desfalque do corpo de baile é a impossibilidade de substituir artistas que já não podem mais dançar. No Colón, um teatro que trabalha com empregados públicos, os bailarinos se aposentam aos 65 anos, o que não seria viável para uma companhia de balé. “Em qualquer companhia do mundo”, Herrera afirmou em entrevista ao jornal La Nación, “um bailarino dança até os 40 ou 45 anos, o que depende de cada um e de suas lesões”. Ela mesma deixou de dançar aos 40 anos.
Pela importância da trajetória artística de Paloma Herrera e pelo reconhecido trabalho que ela vinha realizando, sua demissão intensificou uma crise interna que acabou levando à substituição da diretora geral do teatro, María Victoria Alcaraz (ironicamente, María Victoria Alcaraz, que foi a primeira mulher no cargo do centenário teatro, caiu no dia 8 de março, dia internacional da mulher). Em seu lugar, a prefeitura da cidade de Buenos Aires nomeou o gestor cultural Jorge Telerman.
No lugar de Paloma Herrera assumiu Mario Galizzi, ex-bailarino e coreógrafo, que tem longa vivência dentro do próprio teatro – Galizzi já foi diretor do balé do Teatro Colón em dois períodos anteriores (ele tem feito trabalhos no Brasil com a São Paulo Companhia de Dança). Em entrevista ao jornal Página 12, Galizzi comentou: “Não é uma surpresa para mim assumir o cargo novamente. Eu passei a maior parte da minha vida neste teatro. Conheço a companhia com todas as coisas boas e ruins, e conheço a questão da aposentadoria dos bailarinos”.
A questão das aposentadorias de artistas ligados a teatros públicos é um desafio no mundo inteiro. Como os artistas são concursados e não podem ser dispensados, acabam ocupando vagas quando, por não conseguirem mais atender às exigências da atividade, deixam de trabalhar. Os corpos artísticos desfalcados comprometem as atividades do teatro.
Uma solução, adotada em alguns teatros argentinos e reclamada pelo Teatro Colón, é a de estabelecer um regime especial de contribuição enquanto o artista estiver na ativa para possibilitar a sua aposentadoria antecipada a partir dos 40 anos. Na matéria do jornal Página 12, Galizzi concorda: “O balé, como outras atividades altamente exigentes fisicamente, precisa de um tratamento especial para a aposentadoria”.
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