Um dos encantos da serra fluminense, bela região de Mata Atlântica que tem Petrópolis, Nova Friburgo e Teresópolis entre suas cidades históricas e turísticas, sempre foi a temporada cultural de inverno – que desde 2000 incluía o Festival Dellarte em julho e agosto. Em ano de pandemia, e depois de uma única edição ausente – no ano passado, houve o único cancelamento de toda a história do evento –, o Festival será realizado on-line, entre os dias 5 e 9 de agosto, com patrocínio de duas empresas da área de energia, a chinesa State Grid e a multinacional italiana Enel. No programa, música clássica, popular, dança, debates e atividades de formação – e até uma ópera. O cardápio habitual, só que ampliado pela ausência de fronteiras que o mundo digital proporciona. Entre as muitas desvantagens da pandemia, algumas vantagens se apresentam, afinal.
“Conseguimos reunir algo como 80 atrações nacionais e internacionais”, conta Steffen Dauelsberg, esse ano sozinho à frente do evento enquanto Myrian Dauelsberg se recupera de uma cirurgia. “E acho que teremos presença maciça de público no on-line, nas faixas diversas de programação.” As programações são todas gravadas, muitas inéditas, a exemplo do Duo Halasz, formado pela pianista brasileira Débora Halász e seu marido, o violonista alemão Franz Halász, ganhadores do Grammy Latino de 2015 com seu álbum Alma Brasileira. “São apresentações quentes, afetuosas, vivas. Mas optamos pelas apresentações gravadas para resguardar qualidade de áudio e vídeo.”
Das 10h da manhã, quando se inicia a programação educativa, ao fim do dia, com o jazz, a programação segue um encadeamento conceitual e é conduzida, em estúdio, pelo compositor Tim Rescala e a violinista Priscila Ratto conversando, cantando, tocando e debatendo com artistas. Depois do educativo, seguem-se Concertos ao Meio-Dia (artistas brasileiros e música clássica), Da Serra (talentos locais da música popular), Diálogos Musicais (workshops), Dellarte Internacional (música clássica e dança), Concertos à Luz de Velas (música clássica com artistas e repertório brasileiros), Brasil Brasileiro (Música brasileira) e Jazz All Nigths (o gênero com intérpretes brasileiros e europeus).
O jornalista Márvio dos Anjos é um dos que trabalharam na costura desse conjunto: “Há muita música e dança de primeira linha e a chance de, por exemplo, encadear uma faixa de clássicos nacionais com a música popular”. O violonista e produtor Luiz Filipe de Lima e o escritor e pesquisador Rodrigo Alzuguir também atuam na confecção dos textos, nas apresentações e discussões. “Na dança, posso destacar uma releitura de A Bela e a Fera pelo Malandain Ballet Biarritz, de 2017, e uma versão de 2019 de Irmãos Karamazov pela companhia do russo Boris Eifman”, destaca Márvio.
Até uma ópera está na programação, cantada do Rio de Janeiro, Copenhagen, Brasília, São Paulo e Jundiaí por Gabriella Pace, Luisa Francesconi, Giovanni Tristacci, Vinicius Atique e Murilo Neves: Festim em tempos de peste, de César Antonovitch Cui, baseada em Pequenas tragédias de Alexander Pushkin, com direção musical de Ira Levin e concepção de André Heller-Lopes. O enredo? Numa mesa de jantar, os personagens se entregam a um banquete enquanto a peste devasta o país. A apresentação única acontece no sábado, dia 8 de agosto, às 20h30.
A quase totalidade dos vídeos estará disponível depois do evento – exceção para o Karamazov de Boris Eifman, que oferece disponibilidade mais curta. Portanto, de João Bosco à Sinfônica Brasileira, de André Mehmari ao flamenco da Companhia Antonio Gades, de Roberta Sá a Daniel Guedes, começa nessa quarta a maratona de 11 horas diárias. Esse ano, a música na serra vai ser on-line.
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