Gustavo Carvalho faz recital na Sala Cecília Meireles com obras de Schumann e Debussy

O pianista Gustavo Carvalho faz recital solo nesta sexta-feira, na Sala Cecília Meireles, com transmissão ao vivo pelo YouTube da sala e pela TV Alerj.

Estava marcada para a data apresentação de Carvalho com o também pianista Cristian Budu, que precisou cancelar sua participação. No novo programa, Carvalho vai abrir a noite com duas obras de Schumann: a Arabesque e a Kreisleriana. 

A Kreisleriana foi inspirada em um dos principais personagens do escritor E.T.A. Hoffmann, o kapellmeister Johannes Kreisler, um gênio musical à beira da insanidade. E, para o crítico Grant Hiroshima, a obra espelha o momento vivido pelo compositor. 

"1838 foi um período conturbado na de Schumann. O casamento de Schumann com sua amada Clara Wieck, ela mesma uma renomada virtuose do piano em turnê, não aconteceria por mais de um ano, e o casal estava ocupado solicitando aos tribunais permissão para se casar por causa das objeções do pai de Clara. Durante esse período de namoro atormentado, as composições de Schumann tornaram-se mais experimentais e complexas. Seu emocionalismo aberto e estruturas não convencionais eram desconcertantes para o público médio e até controversos para os especialistas. A Fantasia em dó maior, a Terceira sonata e a Kreisleriana foram todos produtos deste período fértil, ainda que atribulado”, escreve.

Na segunda parte, Carvalho toca o livro um dos Prelúdios, de Debussy, símbolo de um momento, como afirma o crítico Andrew Clements, em que o compositor está “rapidamente estabelecendo seu mundo musical individual, que ele começou a explorar no Prelúdio à tarde de um fauno”.

“É um mundo de cores instrumentais arrebatadoras e sensações e imagens musicais fugazes e em constante mudança, como nos Noturnos orquestrais de 1899. Em termos orquestrais era a própria antítese de escrever uma sinfonia, e, nos esboços sinfônicos de La Mer, e as imagens orquestrais que se seguiram, Debussy encontrou suas próprias maneiras de construir uma forma orquestral em grande escala. E, em dois livros dos Prelúdios para piano solo e nos conjuntos menores de Images, continuou suas explorações de cor e sonoridade em menor escala, além de testar os limites da capacidade da música de sugerir e evocar imagens pictóricas”, completa.

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