Descrito pela Royal Academy of Music como um dos mais impressionantes artistas do pós-guerra, o violonista britânico Julian Bream morreu nesta sexta-feira, dia 14, aos 87 anos. A causa da morte não foi divulgada pelos seus representantes, segundo quem Bream morreu “em casa e em paz”.
No jornal britânico The Guardian, o crítico Ben Beaumont-Thomas definiu a importância de Bream para o cenário artístico do século XX. “Ele foi um dos responsáveis por consolidar o violão na tradição clássica, atento à sua história e expandindo o repertório do instrumento”, anotou.
Para a música brasileira, sua importância não pode ser diminuída: ele foi responsável, desde os anos 1950, por uma série de gravações da música de Villa-Lobos, além de ter constantemente divulgado o trabalho do compositor em master classes.
Bream nasceu em 1933 em Battersea. Seu primeiro contato com a música se deu com seu pai, que lhe ensinou o violão e o piano. O talento lhe abriu portas, como a do Royal College of Music, que lhe ofereceu uma bolsa de estudos com a qual estudou piano e violoncelo. O violão era, então, um hobby, até que ele decidiu dedicar-se a ele profissionalmente.
“O violão era um hobby, mas a certa altura ele me pareceu um instrumento com muitas possibilidades: uma delas, o fato de que ninguém mais o tocava”, disse durante uma master class nos Estados Unidos no início dos anos 1990.
A música antiga teve importante papel em sua trajetória. Ainda no início da década de 1950, passou a dedicar-se à interpretação da música do período, formando o Juliam Bream Consort e acompanhando artistas como o tenor Peter Pears.
Ao mesmo tempo, manteve contato com novos compositores. Benjamin Britten, William Walton, Malcolm Arnold, Leo Brouwer, Hans Werner Henze, Toru Takemitsu, Michael Tippett e Peter Maxwell Davies foram alguns dos autores que lhe dedicaram peças. Entre elas, a mais famosa talvez seja o Noturno de Britten.
Em 2008, ele criou o Julian Bream Trust para oferecer ajuda financeira a jovens músicos e para dar prosseguimento ao trabalho de encomenda de novas obras para o violão. Ao longo de sua carreira, Bream lançou mais de quarenta discos (recebeu o Grammy quatro vezes e foi indicado por vinte diferentes trabalhos). Muitas de suas gravações venderam milhões de cópias, em especial a parceria com John Williams.
“Há sempre algum tipo de música no ar, e nos anos 1970 essa música era a música para violão. Tudo o que precisava fazer era levantar os braços e agarrá-la”, disse em uma entrevista à revista Gramophone, omitindo modestamente um pequeno detalhe: se assim era, isso se devia em grande parte à sua atuação.
Bream se aposentou em 2002, após sofrer uma queda na rua. “O que mais me incomoda”, disse ao Guardian há oito anos, “é que tenho certeza de que sou hoje um músico muito melhor do que era. Mas não tenho como provar”.
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