Com dezenas de gravações em que registrou os principais momentos do repertório de canções, o barítono Matthias Goerne desembarca esta semana em São Paulo para dois recitais pela temporada de assinaturas do Teatro Cultura Artística. Ele terá ao seu lado o pianista espanhol Anton Mejias.
Goerne vai apresentar dois ciclos icônicos do repertório germânico do século XIX. No dia 26, a atração é Viagem de inverno (Winterreise), de Schubert, que reproduz as reflexões de um viajante pelo inverno a partir dos poemas de Wilhelm Müller. Já no dia 29, Goerne canta, também de Schubert, O canto do cisne (Schwanengesang), coleção de catorze canções escritas no final da vida do compositor.
“Winterreise é um ciclo sobre alguém que já teve uma vida longa, com muitas experiências, e chegou a um ponto em que resolve se isolar. Ele está deixando a sociedade. Ele começa a refletir, a pensar no que fez até então, no que teve que encarar, nas decepções que teve de aceitar e nas dificuldades de todos os níveis que encontramos como humanos”, diz Goerne em entrevista a Irineu Franco Perpetuo, publicada na edição de setembro da Revista CONCERTO (leia aqui; acesso exclusivo para assinantes).
“Schubert foi alguém com a vida difícil. Ele teve poucas semanas e meses nos quais foi constantemente feliz – e era completamente marcado pela saúde instável. Ele sempre sentia falta de intimidade real – não de sexualidade, mas da intimidade, de poder compartilhar com alguém que você ama. Em Winterreise, pelo menos a esperança ainda existe”, completa.
Já Schwanengesang não é um propriamente um ciclo, foi assim chamado pelo editor de Schubert. “Talvez seja um grupo de canções inacabado, talvez seja acabado. Não sabemos, pois a publicação foi póstuma. E há também um grupo de canções de Heine. Foi estabelecido como ciclo, mas não é – são apenas algumas das últimas peças que Schubert compôs. Faz sentido colocar tudo isso junto e fingir que é um ciclo, mas, na verdade, é uma coleção de escritores bem diferentes e algo revolucionário – em especial as composições sobre versos de Heine, porque Schubert mostra características estéticas de todo novas e derruba todas as dimensões e as paredes que ele mesmo erguera antes”, completa o barítono alemão.
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