O Theatro Municipal do Rio de Janeiro fechou as portas no dia 13 de março, obedecendo às normas da quarentena. Desde então, os funcionários administrativos e os corpos artísticos estavam em casa. Houve séries de vídeos de solos musicais de integrantes da orquestra, realizados em pequenos grupos, encontros por plataformas de reunião, palestras – sempre domésticos, nas casas de cada um.
A administração começou a retornar, em rodízio, já em 17 de agosto. Apenas no dia 26 de outubro foi decretada a volta ao trabalho presencial dos corpos artístico e da técnica, cercada de protocolos de segurança, como uso obrigatório de máscaras, distância entre os músicos, painéis separando músicos de sopros e testagem geral.
A partir deste sábado, dia 21 de novembro, começam a ser divulgados os vídeos realizados no teatro, a partir de uma programação cuidadosamente elaborada pelo diretor artístico e regente titular Ira Levin, que ainda deu à CONCERTO algumas dicas sobre a programação 2021.
“Já planejei a temporada inteira, apesar de ninguém saber o que vem por aí e, pior, estarmos vendo na Europa essa segunda onda”, reflete. “Mas no meu planejamento há uma ópera que não é montada há 60 anos no Rio de Janeiro. Penso em abrir a temporada de ópera em julho, se for possível. Quanto aos concertos, teríamos na abertura a pianista Linda Bustani tocando Scriabin.”
Nesse projeto de vídeos que encerra o ano, não há live streaming, ou seja, transmissão ao vivo. “Preferimos garantir a qualidade de som, apesar de não haver edição. O formato é de um espetáculo, sem cortes”, diz o regente. São 8 concertos de câmara, três grandes concertos no palco principal, e eventos criados pelo Coro e pelo Ballet, em esquema ainda doméstico ou de isolamento no ambiente do teatro.
Os primeiros concertos com os músicos da OSTM e convidados – como a pianista Maria Teresa Madeira – serão alocados no belo Foyer do Balcão Nobre e na Sala Mário Tavares, teatro de pequeno porte no prédio Anexo. As séries serão exibidas às terças, quintas-feiras e sábados, às 19h, no canal do teatro no YouTube.
“Algumas formações são mais difíceis de adequar, caso de grupos de sopros”, explica Levin. “Estamos ajustando as questões de segurança, com a separação dos músicos que não podem usar máscaras com painéis transparentes.”
São programas variados, que incluem preciosidades como o Trio de Beethoven para piano, flauta e fagote. Chefes de naipe, spallas e a maestrina Priscilla Bonfim, por exemplo, fazem duos, tais como a Sonata para trompa e piano op. 17 de Beethoven e o Concerto para dois violinos em lá menor op.3 nº 8 RV522 de Vivaldi.
Já os concertos no palco do Municipal acontecem nos dias 19, 20 e 23 de dezembro. O primeiro, com regência de Jésus Figueiredo, traz as cordas da OSTM tocando a Serenata op. 48 de Tchaikovsky; no dia 20, também com as cordas e regência de Priscila Bomfim, a Suíte Holberg Op.40 de Grieg aparece ao lado da Suíte Antiga op.11 de Nepomuceno, explicitando a relação dos dois compositores – o brasileiro morou na casa de Grieg quando estudava na Europa e foi bastante influenciado pelo norueguês.
Por fim, no dia 23, o Especial de Natal, também com Bomfim à frente das cordas, traz a Cantata Pastorale per la natività di Nostro Signore Gesu Cristo, de Alessandro Scarlatti, com a soprano Michele Menezes, do Coro do Theatro, e o Concerto Grosso op. 6 nº.8, Concerto fatto per la Notte de Natale de Arcangelo Corelli, ambos para orquestra de cordas e cravo, além do Grand Pas de Deux de O quebra-nozes. Com participação dos primeiros bailarinos Claudia Mota e Filipe Moreira.
As atividades do coro nessa série continuam a ser realizadas a partir das casas dos cantores. São nove vídeos das séries Coral Renascentista & Mestres da Ópera, com música a capella executada pelos integrantes do Coro do Theatro Municipal, exibidos às segundas e quartas-feiras, com roteiro e direção de Julianna Santos.
O Balé tem as séries Futuro do Pretérito – vídeos que tem como inspiração poemas de Calderon de la Barca, Fernando Pessoa, Florbela Espanca e Oscar Wilde, com direção de Roberto Lima e coreografia dos próprios intérpretes e Libertus. São dois episódios com seis coreografias cada, gravadas ao ar livre. Os coreógrafos são especialmente convidados e a apresentação é de Ana Botafogo, às sextas-feiras e domingos.
Ira Levin está orgulhoso dos músicos que estão se mobilizando nesse retorno a atividades presenciais. “Não queríamos arriscar, mas agora, respeitando esses protocolos com toda a rigidez, fico feliz de voltar.”
Veja mais detalhes no Roteiro Musical do Site CONCERTO
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