A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo promove nesta terça-feira, dia 8, às 19 horas, uma live com o musicólogo Paulo de Tarso Salles para marcar o lançamento do primeiro CD da integral dos Choros de Camargo Guarnieri.
O disco faz parte do projeto Brasil em Concerto, lançado pelo selo Naxos, e inclui a Seresta para piano e os Choros para violino, flauta e fagote. Isaac Karabtchevsky assina a direção musical e Olga Kopylova, Davi Graton, Claudia Nascimento e Alexandre Silverio são os solistas. Está prevista para novembro a gravação do segundo volume, com os Choros para clarinete, violoncelo, viola e piano.
Karabtchevsky considera o ciclo dos Choros como fundamental na criação do compositor. “É um universo que, a partir de 1930, sofreu influência do jazz e de todos os recursos harmônicos de seu tempo. A um só momento, contrapunham-se recursos modais, politonais e atonais! Foi pelos Choros que Guarnieri construiu o alicerce sobre o qual sua música, sob a ótica do elemento nacional, viria a se consolidar”, diz, em entrevista ao jornalista Irineu Franco Perpetuo.
“Os Choros de Guarnieri têm um projeto completamente diferente dos de Villa-Lobos. Villa-Lobos tinha uma coisa mais ambiciosa, mais generalista, de fazer de certa forma um mapa da musicalidade popular brasileira por meio de várias combinações instrumentais e referências aos chorões. Guarnieri usa esse termo talvez mais diretamente relacionado a Mário de Andrade”, explica Paulo de Tarso Salles em entrevista publicada na edição de setembro da Revista CONCERTO.
“Em determinado momento do Ensaio sobre a música brasileira, de 1928, Mário de Andrade propõe a ideia de uma suíte brasileira, alterando andamentos de obras da tradição europeia, como prelúdio por ponteio – e me parece que o conceito de choro entra para Guarnieri quase como sinônimo de concerto. O concerto europeu, derivado do italiano, tem essa coisa da conversa entre solista e orquestra, e Guarnieri provavelmente leu a palavra choro como essa conversa entre os músicos populares brasileiros do regional, o contraponto, a alternância entre os solistas – bandolim, flauta, violão de sete cordas –, e a releu como se fosse uma espécie de concerto brasileiro. Os Choros de Guarnieri são mais ou menos isso: peças para solistas com acompanhamento orquestral. Parece-me que, na palavra choro, Guarnieri está lendo uma ideia de música de câmara brasileira”, completa.
O CD com os Choros de Camargo Guarnieri está disponível na Loja CLÁSSICOS; veja aqui. O álbum também pode ser acessado por streaming na plataforma Spotify; veja aqui.
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