A cravista Rosana Lanzelotte inicia nesta semana uma série de apresentações para marcar o lançamento do livro Já raiou a liberdade: D. Pedro I compositor e a música de seu tempo. Os recitais acontecem nos dias 11, 13 e 14, no Rio de Janeiro, em Campinas e em São Paulo.
Lanzelotte passou quatro anos pesquisando a atividade musical de d. Pedro I. Em bibliotecas do Brasil e de países como Portugal, França e Áustria, encontrou obras e documentos que foram editados e digitalizados pelo projeto Musica Brasilis, portal dedicado à disseminação de partituras de compositores brasileiros, criado por ela em 2009.
O material serviu de base para concertos que a artista realizou no ano passado, celebrando os duzentos anos da Independência em palcos nacionais e da Europa. E para o livro, em que relata suas pesquisas e recupera um momento importante da história musical brasileira.
Este é um dos aspectos mais fascinantes de sua escrita, a habilidade com que oferece ao leitor um panorama que coloca em contexto e perspectiva o trabalho de d. Pedro I. Ao longo da narrativa, é possível acessar por códigos QR áudios e vídeos das composições citadas, com a disponibilização do álbum O amor brasileiro, com obras para pianoforte de d. Pedro I e de seu mestre Sigismund Neukomm, além de peças dedicadas ao imperador e à imperatriz d. Leopoldina, nunca antes gravadas. Como anota o maestro Júlio Medaglia na apresentação da obra, Já raiou a liberdade “é leitura obrigatória de todo interessado ou profissional da música deste país”.
“A pesquisa começa pelo músico. Eram os duzentos anos da independência do Brasil, no ano passado, e havia essa demanda da comunidade musical de poder tocar as obras de d. Pedro. Com o apoio do Instituto Camões, começamos pelo resgate das obras e, para a ocasião, tínhamos disponível tudo o que se conhece de d. Pedro. E aí, durante essas pesquisas, eu fui me interessando por facetas dele de que ninguém fala ou fala muito menos. Sabe-se que era autoritário, gostava de mulheres, comenta-se muito o caso com a marquesa de Santos, mas não se trata tanto do compositor. Muita gente não sabia que ele era compositor, e os que sabiam duvidavam da capacidade de ele ter escrito, por exemplo, o Hino da Independência”, contou Rosana Lanzelotte a Irineu Franco Perpetuo, em entrevista publicada na edição de outubro da Revista CONCERTO.
“Descobri também outros lados de d. Pedro. O d. Pedro constitucionalista na medida do possível naquele momento, que outorgou ao Brasil a primeira e mais longeva Constituição – no ano que vem vamos comemorar duzentos anos dessa constituição, que vigorou por 65 anos e que foi a base para a constituição de Portugal, três anos depois, em 1827. Para a época – temos de lembrar que ainda havia monarquias, mesmo que constitucionais – era uma constituição avançada, com divisão de poderes, alguma inspiração de igualdade entre os homens… E também descobri o abolicionista. Porque, além de prezar tocar com os músicos de Santa Cruz, ele se recusava a ter a liteira carregada por escravizados”, completa.
Veja mais detalhes sobre os recitais de lançamento no Roteiro do Site CONCERTO
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