O Selo Sesc lança esta semana uma gravação dos trios de Heitor Villa-Lobos feita por alguns dos maiores músicos brasileiros da atualidade: o pianista Ricardo Castro, o violinista Claudio Cruz, o violoncelista Antonio Meneses e o violista Gabriel Marin.
Em formato digital, o álbum duplo chega no dia 15 ao Sesc Digital e, a partir do dia 20, estará disponível nas demais plataformas de streaming. O repertório é composto pelos três trios com piano, escritos em 1911, 1915 e 1918 e pelo trio de cordas, de 1945.
Esta é a primeira gravação integral dos trios em um mesmo álbum. E as peças são particularmente importantes no caminho artístico do compositor.
“Villa-Lobos tocava violoncelo, violão e piano, não se sobressaindo em nenhum deles. No entanto, pelo menos até 1930, sabemos que ele foi intérprete de seus três trios com piano em diversas ocasiões. As peças foram criadas entre 1911 e 1918, justamente o período em que, segundo Bruno Kiefer, foram compostas as obras ‘de alguma significação estética e/ou histórica’ de Villa-Lobos antes da Semana de 1922”, escrevem as pesquisadoras Flavia Toni e Camila Fresca no texto do encarte do álbum.
Obras desse período são bastante influenciadas pela estética francesa. Claudio Cruz coloca, por exemplo, o Trio nº 1 como herdeiro da tradição romântica e como uma das peças mais importantes de todo o repertório para a formação. A mesma influência francesa está presente nos trios nº 2 e nº 3, mas há do ponto de vista da escrita uma evolução notável entre as peças e a primeira incursão de Villa-Lobos no gênero: as duas foram apresentadas durante a Semana de Arte Moderna.
Já o Trio de cordas foi escrito nos anos 1940, em outro momento da trajetória do compositor, já consolidado como autor, e é uma peça bastante virtuosística no modo como estabelece a relação entre os instrumentos.
“Se encontram-se distantes no tempo no que diz respeito à sua criação, e ilustram claramente diferentes estágios composicionais do autor, os quatro trios de Villa-Lobos possuem características que podem ser aproximadas. A principal delas, talvez, diga respeito à arquitetura musical. Todas as peças possuem quatro movimentos (rápido-lento-scherzo-final) claramente desenhados conforme a tradição de trios, quartetos ou sonatas. Fica evidente que há, por trás das obras, um músico que estuda e observa peças do gênero e as toma como parâmetro para suas próprias obras”, escrevem Toni e Fresca.
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