Em 2017, o maestro Leonardo García Alarcón esteve no Brasil com o grupo Cappella Mediterranea para apresentar, na série do Cultura Artística, o Orfeo, de Monteverdi. Mas a viagem trazia ainda outra obra: Il diluvio universale, de Michelangelo Falvetti. E, na ocasião, o músico contou sobre o fascínio da descoberta da partitura. “Eu olhava a partitura e pensava: como pode haver algo novo e original em cada página?”, disse à imprensa na ocasião.
A curiosidade pela descoberta de obras é um dos motores da trajetória do maestro. E, pouco antes de encontrar Diluvio, ele havia se deparado com outra obra marcante na Biblioteca do Vaticano: a ópera O palácio encantado, de Luigi Rossi (1597-1630), que será apresentada nesta segunda-feira, dia 22, no Festival Ópera na Tela.
Rossi foi um dos primeiros e mais prolíficos autores de ópera, dedicando-se ao gênero pouco depois de sua criação, em Florença. Escreveu ainda mais de quatrocentas cantatas e tinha particular interesse pela escrita para voz.
“Ao ler esta obra, não pude crer nos meus olhos. Jamais teria acreditado que pudesse existir uma ópera de tamanha riqueza”, diz Alarcón, segundo quem a ópera, depois da estreia, em 1692, acabou sendo esquecida até ser descoberta no Vaticano.
Na ópera, para salvar seu protegido de uma desgraça, um mago aprisiona cavalheiros e damas em um palácio encantado e labiríntico, até que eles acabam perdendo a razão. E, para o maestro, há nela uma metáfora do que vivemos durante a pandemia. “É quase como se uma dor tivesse se tornado uma forma de arte, como se o poeta e o compositor tivessem imaginado que esta ópera seria apresentada hoje.”
A produção a ser exibida no festival, realizado no Parque Lage, foi gravada no início deste ano na Ópera de Dijon, com os músicos da Cappella Mediterranea.
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