Ópera ‘Prism’, de Ellen Reid, estreia no Theatro Municipal de São Paulo

O Theatro Municipal de São Paulo abre sua programação de setembro no dia 4, com apresentações da ópera Prism, da compositora norte-americana Ellen Reid, a partir de libreto de Roxie Perkins. A obra estreou no ano passado em Los Angeles e recebeu o Prêmio Pulitzer de composição. A produção vem dos Estados Unidos, com direção de James Darrah. A regência, à frente da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e do Coral Paulistano, é de Roberto Minczuk.

Ao premiar Ellen Reid, a comissão do Pulitzer definiu Prism como “uma audaciosa nova ópera que utiliza uma escrita vocal sofisticada e impressionantes timbres instrumentais para tratar de um tema difícil: os efeitos do abuso sexual e emocional”. Tanto Reid quanto Perkins foram vítimas de abuso – e a experiência pessoal foi importante na criação da obra.

“Foi algo que tanto eu quanto Roxie experimentamos pessoalmente e nos pareceu algo de que queríamos falar juntas. Como você pode imaginar, mergulhar tão profundamente nesse tema é difícil e desafiador. Há algo na peça que faz com que pessoas que não sofreram abusos entendam um pouco mais a respeito do que é essa experiência”, disse Reid em uma entrevista à National Public Radio dos Estados Unidos após receber o prêmio. “Mas nós queríamos que a peça fosse pessoal. E que se expandisse o suficiente para oferecer o ponto de vista de alguém que passou por algo assim. Queríamos trazer o ouvinte para perto.”

Na mesma conversa, ela fala sobre como a obra está organizada. “Nós tratamos do assunto por meio de uma narrativa não linear, explorando a mudança na percepção da realidade por parte da personagem principal. E então deixamos o ouvinte descobrir que realidade é essa – e que ela é diferente do que ele imaginava. São três atos diferentes. O primeiro é bastante mágico e você se dá conta de que não era real; o segundo é muito real, você está em uma boate e vê tudo aquilo acontecer, mas não de maneira literal. É tudo sônico. E então no terceiro ato você sabe qual é a realidade e precisa confrontá-la, o que para mim define o que é o processo de sobrevivência. Você precisa, de alguma forma, ajustar a sua realidade.”

As récitas acontecem nos dias 4, 5, 7, 8, 10, 11, 13 e 14 de setembro. E, entre elas, haverá um ciclo de debates sobre o feminino na ópera, com curadoria da jornalista e crítica musical Camila Fresca e da crítica teatral Marici Salomão.

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