Theatro Municipal de São Paulo anuncia programação do segundo semestre

por Redação CONCERTO 16/07/2019

Diretor artístico Hugo Possolo comenta agenda do Theatro, que terá mais duas óperas e uma programação especial para o aniversário de 80 anos do Coro Lírico

O Theatro Municipal de São Paulo anunciou a sua programação para o segundo semestre, elaborada pelo novo diretor artístico Hugo Possolo. “Eu acredito, que a identidade do Municipal ganha uma força e um impacto muito grande com a interseção de novas linguagens”, afirma o diretor, que, “sem abrir mão do que é fundamental na casa, que é a ópera, que são os concertos e o Balé da Cidade” vai abrir a programação para novas linguagens, como teatro de prosa, circo, música independente, poesia, dança, artes visuais e mímica. “A gente correu para fechar a programação, mas a gente está muito seguro de saber que ela tem uma razão de ser muito forte”, afirma Possolo (clique aqui para ler a entrevista em que Hugo Possolo fala sobre o conceito que orienta a programação). 

“Equivocadamente, muitas vezes se trabalhou em cima do gosto de quem estava à frente da direção da casa, ao invés de trabalhar em função do que a casa oferecia e do que ela poderia dar à cidade”, explica o diretor artístico. “Um exemplo claríssimo é a gente ter a pouca utilização do Coro Lírico recentemente. Então, a minha primeira opção curatorial foi: vamos criar um espetáculo de comemoração dos 80 anos do Coro Lírico! Para isso chamei o Nelson Baskerville, que é um diretor de teatro ultraconceituado, prêmio Shell, Apca, um cara com uma capacidade criativa contemporânea muito boa. Teremos a Sinfônica Municipal, mas o protagonista é o Coro Lírico.” O espetáculo, que acontece em fins de agosto, terá trechos de grandes óperas como Turandot, Thais, Lady Macbeth, Cavalleria Rusticana, La Traviatta, Nabucco, entre outros. 

Em setembro, o Theatro Municipal apresentará a ópera Prism, de Ellen Reid, uma montagem originalmente feita pela Ópera de Los Angeles. “É uma temática extramente contemporânea, a questão do abuso sexual, da imposição do homem sobre a mulher. Isso, eu tenho certeza, é um toque muito especial de ópera contemporânea, e aqui vamos poder ouvir o Coro Paulistano”, conta Possolo. Prism será apresentada com grande parte da equipe da montagem original, sendo a direção de James Darrah, cenografia de Adam Rigg, figurinos de Molley Irelan, desenho de luz de Pablo Santiago e de som de Garth MacAleavey. A soprano Anna Schubert e a mezzo soprano Rebecca Jo Loeb continuarão como as intérpretes das únicas personagens da trama, Bibi e Lumee, respectivamente. A direção musical e regência serão do titular do teatro, maestro Roberto Minczuk.

Ópera Prism [Reprodução]
Ópera Prism [Reprodução]

A quarta e última montagem da temporada (no início do ano o Theatro Municipal apresentou O barbeito de Sevilha, de Rossini, e neste fim de semana estreia Rigoletto, de Verdi) acontece em dezembro, com a apresentação da opereta A viúva alegre, de Franz Lehár. O diretor convidado para fazer a encenação é o artista global Miguel Falabella. “Miguel Falabella é meu amigo, meu colega de profissão, comediante, mas, o que poucas pessoas sabem, é que ele é, eu diria, praticamente um erudito em ópera, ele tem um grande conhecimento”, conta Hugo Possolo. “Quando eu propus a Miguel fazer a direção, ele disse: ‘eu topo, desde que isso seja uma ação de acesso da população para essa ópera’. É perfeito, por que pode ser feita em português, por que tem uma comunicação muito direta, tem canções muito conhecidas e palatáveis, ela realmente tem uma força muito grande.” Roberto Minczuk dirigirá o espetáculo, que terá cenografia de Zezinho Santos e Turíbio Santos e figurinos de Lígia Rocha. O elenco ainda não foi anunciado. 

Na área da dança, o Theatro Municipal realiza em setembro o Festival ETÉ, “um manifesto e uma investigação em relação ao corpo”. “ETÉ, em tupi-guarani, quer dizer corpo e genuíno, então tem um diálogo aí com o manifesto antropofágico do Oswald de Andrade”, explica Hugo Possolo. “Este festival tem a mesma ideia do Novos Modernistas, de linguagem e pertencimento. Ele trata do assunto corpo na discussão do significado do corpo hoje. São discussões contemporâneas muito importantes, que podem ser abordadas poeticamente e entrar em um ciclo de reflexão. Isso porque eu acredito que arte é pensamento. A arte é uma das maneiras em que o pensamente se coloca. Você pode ter o pensamento científico, e você tem o pensamento artístico, que interfere na vida da sociedade. Então, tem um pouco dessa provocação.” O evento será aberto pelo Balé da Cidade de São Paulo com o espetáculo Jeito de Corpo, uma homenagem a Caetano Veloso idealizada pelo diretor artístico da companhia Ismael Ivo e coreografado por Morena Nascimento. Participam ainda do ETÉ o Balé Nacional da Coreia, entre outras atrações.

Paralelamente, em outubro, o complexo Theatro Municipal abrigará o Festival Mário de Andrade, uma ação da secretaria de Cultura em parceira com outras instituições. 

Na temporada sinfônica, a Orquestra Sinfônica Municipal, sob direção de Roberto Minczuk, apresentará concertos com a pianista Cristina Ortiz (no dia 3 de agosto no Festival Vermelhos, em Ilhabela), com o violonista Yamandu Costa (26 e 27 de outubro), um Tributo a John Williams (10 de agosto), fará O anel sem palavras de Wagner/Maazel (30/11 e 01/12 ) e interpretará a Missa Solemnis de Beethoven (dezembro), com os solistas Carla Filipcic Holm, Luisa Francesconi, Aníbal Mancini e Michel de Souza. Em agosto (dias 17 e 18), a OSM também se apresentará sob direção de seu novo regente assistente Alessandro Sangiorgi, com participação da soprano Catalina Cuervo.

Em outubro, o teatro promoverá a montagem de uma ópera para crianças, juntando a Orquestra Experimental de Repertório e o Ópera Studio. “A gente está desenhando um projeto”, conta Possolo, “em que as crianças vivenciarão estações musicais dentro do teatro. A gente tem que passar a ideia de que a criança é capaz de interagir, participar com aquilo. Todo mundo tem espaço, tem pertencimento”. 

Além dessas programações, seguem as temporadas regulares da Orquestra Experimental de Repertório, do Coral Paulistano e do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo, bem como os programas “Meu primeiro Municipal” (uma vez por mês aos sábados, ao meio-dia), “Happy Hour” (toda segunda-feira, às 18h, no saguão) e “Quartas Musicais” (toda quarta-feira, às 18h, no Salão Nobre).

O Theatro também anuncia as séries especiais “Teatro no Municipal” (toda última segunda-feira do mês haverá peças de teatro) e “Novos modernistas” (dias 09/08 e 06/09). Conforme o material informativo, “o projeto Novo Modernistas, que inicia as comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna, marca a reconexão do Theatro Municipal e da Praça das Artes com o caráter multicultural da cidade de São Paulo, expresso na semana de 1922, trazendo espetáculos que se destacam pela diversidade, pelo cruzamento de linguagens artísticas e pela união das diferenças”. 

Clique aqui para mais detalhes sobre a programação do Theatro Municipal.

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Entrevista
 O Theatro Municipal de Hugo Possolo, por Nelson Rubens Kunze

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