Ira Levin é exonerado do Theatro Municipal do Rio de Janeiro

por Luciana Medeiros 13/12/2021

Depois de 19 meses trabalhando no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, como regente titular da orquestra e mais tarde também como diretor artístico, o maestro Ira Levin foi exonerado na tarde dessa segunda-feira, dia 13, em conversa com a presidente da fundação responsável pela gestão do teatro Clara Paulino.

De acordo com fontes da orquestra, havia nuvens carregadas no relacionamento do grupo sinfônico com o maestro. No concerto com público do último sábado, dia 11, que também seria gravado para posterior exibição, os músicos teriam pedido para refazer parte da performance, não sendo atendidos. Hoje, em vez de comparecer ao ensaio matinal, uma comissão pediu um encontro com a presidente, que teria ali atendido a solicitação do grupo e decidido pela saída do maestro.

Já o maestro Levin declarou à CONCERTO que a exoneração foi “uma decisão unilateral dos músicos”. “Nunca fui notificado sobre qualquer reclamação ou questão a ser discutida com a associação, que seria o primeiro passo em qualquer situação desse tipo; é o mesmo caso com o Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Públicas da Ação Cultural do Rio de Janeiro, sempre tive e continuo tendo ótimo relacionamento com eles. Decidi que o concerto de sábado não seria registrado e isso motivou o movimento dos músicos indo direto à Presidência.” 

“Com o Sintac realmente nunca houve qualquer problema”, diz seu presidente, o baixo Pedro Olivero. “Mas a gente quer que o teatro se reerga, não é bom entrar em litígio com ninguém. Ira teve muito trabalho de fazer e refazer a temporada por causa da pandemia, e foi tudo desgastante, inclusive a evolução do relacionamento com a orquestra. A presidente Clara foi prudente evitando a continuidade do desgaste”, afirma Olivero.

Um ex-integrante da Associação dos Músicos da OSTM (não houve eleições durante a pandemia), alega que a rotina com o maestro “sempre foi muito difícil, fomos destratados muitas vezes”. Ele conta que a gota d’água teria sido, efetivamente, o desempenho do concerto de sábado: “Estávamos todos muito desconfortáveis com a conduta do maestro e descontentes com o programa escolhido. Isso se refletiu no resultado”.

Uma carta do conjunto foi enviada no fim de semana à presidente Clara Paulino, que marcou a reunião desta segunda, sem a presença do maestro. 

O próximo concerto, marcado para dia 17, com Linda Bustani ao piano e um grupo de câmera, terá regência do spalla, Carlos Mendes.

Leia abaixo a íntegra da nota oficial da presidência do Theatro Municipal:

“A Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Sececrj) e a Fundação Theatro Municipal informam que o diretor artístico e maestro titular Ira Levin não faz mais parte do quadro de funcionários do Municipal.
O maestro norte-americano Ira Levin ingressou no Theatro Municipal em 2019 e assumiu a direção artística em agosto de 2020. Com uma longa trajetória, esteve à frente de diversas orquestras do país e do exterior como do Theatro Municipal de São Paulo, da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, em Brasília, atuou como principal regente convidado do Teatro Colón, em Buenos Aires e nas principais casas de ópera de Bremen e Dusseldorf, na Alemanha. Ira Levin foi um profissional que muito contribuiu durante a sua passagem pelo Theatro. 
O concerto Série Mozart com a Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e com a pianista Linda Bustani ocorrerá normalmente, na próxima sexta-feira (17), às 19h e terá como regente interino o violinista Carlos Mendes.
Os nomes do novo maestro titular e diretor artístico ainda estão sendo definidos pela Fundação Teatro Municipal em conjunto com os corpos artísticos.”

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O maestro Ira Levin [Divulgação]
O maestro Ira Levin [Divulgação]

 

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Comentários

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Caramba, Levin havia comprado apartamento no Rio e estava em obras, por causa deste emprego.
Nesta declaração do Levin à CONCERTO, ele não falou o motivo dele negar a filmagem do concerto de sábado. Vários teatros no Brasil e no mundo exibem na Internet. Tomara que o TMRJ, com seu novo diretor artístico, filme e exiba no youtube seus espetáculos.

Consta que o programa seria:
Mahler: Lieder eines fahrenden Gesellen
Schoenberg: Quarteto nº2 op.10 -2 movimentos
Beethoven: Quarteto op.135 -2 movimentos
Schubert: Lebensstürme D.947 (arr. cordas)
Por que estariam os músicos "descontentes" - porque o nível do programa estaria alto demais?
No portal da Petrobras Sinfônica lê-se: "O lugar onde Tchaikovsky, Nando Reis e Metallica se encontram" - alôô chão!
Enquanto isso, um pouco mais ao sul, a OSESP exibe um repertório variadíssimo, sem necessidade de resvalos popularescos.
Mahler e Schoenberg são demais para o Rio?
Pobre Rio...

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