Semana do Cravo terá programação dedicada às crianças

A nova edição da Semana do Cravo acontece entre os dias 15 e 17 de setembro e não terá oficialmente, como acontece sempre, um homenageado e um tema central.  Ao menos oficialmente. “Nesse ano, uma parte significativa do encontro será dedicada ao público infanto-juvenil, ao futuro do cravo e do ensino do cravo”, explica o idealizador e coordenador do evento desde sua primeira edição, Marcelo Fagerlande, com Mayra Pereira e Maria Aida Barroso. “Nosso primeiro evento se chama ‘Conhecendo o cravo’ e alunos iniciantes vão tocar para crianças e jovens, estimulando a proximidade. Afinal, como alguém pode gostar de algo que não conhece?”

O espírito da curiosidade em torno do cravo – e de novidades na música – preside também o encontro com o compositor Tim Rescala, que vai levar sua experiência à frente do programa Blim blem blom, na Rádio MEC. “Há 14 anos, Tim produz o único programa de música clássica para crianças que temos”, continua Fagerlande. “Ele vai falar sobre o processo de criação e a dramaturgia nessa experiência.”

Segundo o cravista e professor, o cravo continua sendo pouco conhecido – apesar do instrumento ter chegado ao Brasil no século XVI. “E desde então não parou de ser cultivado. Grande parte da música brasileira do período foi tocada no cravo”, lembra. “Mas constatamos, e inclusive citamos no livro O cravo no Rio de Janeiro do século XX, que o cravo era tratado sempre como ‘novidade’. Nossa missão continua sendo tornar o cravo muito mais difundido e derrubar preconceitos em torno do instrumento.”

Também em 2025 o encontro recebe músicos e pesquisadores que fazem sua estreia ali. “Teremos as presenças de Laura Rónai, Pedro Diniz, Raquel Aranha, Eduardo Antonello, por exemplo, para falar das iniciativas em torno da música barroca de uma maneira ampla”. Serão também debatidas pesquisas examinando perspectivas históricas do cravo no Brasil, principalmente no Rio, no Recife e em instituições e casas de concerto como a Escola de Música da UFRJ e a Sala Cecília Meireles. 

“Receberemos ainda pesquisadores que nunca vieram à Semana do Cravo, como o professor Cassandro Barros, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e o cravista brasileiro radicado em Portugal Cristiano Holtz”, conta Fagerlande. “Lançaremos os anais do evento passado, uma documentação importante para todos nós. E teremos recitais, claro, dados por alunos e também pelos estudantes mais avançados, com programas variados – desde o repertório tradicional do cravo até a música armorial.”

Marcelo reitera que o cravo “sempre fez parte da música brasileira”. “Só esse fato já justifica ser tocado e conhecido; sem falar, claro, da beleza do repertório. Não há nada igual a ouvir Bach no cravo.”

O evento tem entrada gratuita e acontece no Edifício Ventura Corporate Towers, na avenida República do Chile, centro do Rio.

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