Artistas do meio clássico se pronunciam contra guerra na Ucrânia e ameaçam boicotes

por Redação CONCERTO 25/02/2022

Filarmônica de Viena voltou atrás e substituiu Valery Gergiev em concertos nos Estados Unidos; Filarmônica de Munique diz que vai demitir maestro caso ele não se pronuncie contra a guerra

A guerra na Ucrânia tem levado artistas a se pronunciar contra o conflito, no palco e fora dele.

O maestro Valery Gergiev, próximo do presidente russo Vladimir Putin, tem sido alvo de críticas por não condenar o conflito. Na manhã desta sexta-feira, dia 25, a prefeitura de Munique emitiu comunicado afirmando que, se até segunda-feira, ele não se pronunciar em favor da paz, será demitido da Filarmônica de Munique. 

Ontem, dia 24, o prefeito de Milão Beppe Sala já havia condicionado a permanência de Gergiev à frente de uma produção de A dama de espadas, de Tchaikovsky, no Teatro Alla Scala, a um posicionamento público contra o conflito.

 

 

Até mesmo a Orquestra Filarmônica de Viena foi obrigada a voltar atrás em sua decisão de manter a presença do maestro em suas apresentações esta semana no Carnegie Hall, em Nova York. Em um primeiro momento, o grupo havia afirmado não ver motivo para a substituição e que considerava o assunto encerrado. Ontem à tarde, no entanto, a sala e o grupo anunciaram que os concertos seriam regidos por Yannick Nézét-Seguin e que o solista russo Denis Matsuev também não se apresentaria.

Segundo a imprensa americana, a decisão foi tomada após pressão do Carnegie Hall e de alguns dos membros de seu conselho de administração, assim como pelo temor de manifestações na porta do teatro durante as apresentações. Teatro e orquestra limitaram-se, porém, a informar a mudança, sem explicações sobre o motivo.

Na Alemanha, o maestro russo Vladimir Jurowski anunciou que substituirá a Marcha Eslava de Tchaikovsky nos concertos do final de semana com a Orquestra Sinfônica da Rádio de Berlim – no lugar, o grupo vai tocar temas ucranianos.

“Espero que a paz possa ser restaurada o mais rapidamente possível. Ao fazer essa troca no programa, queremos expressar nossa solidariedade com o povo da Ucrânia”, disse.

O pianista polonês Lars Vogt também afirmou, em sua conta no Twitter, que não voltará a pisar na Rússia, para reger ou tocar, enquanto este “criminoso de guerra estiver no poder”. “Também não trabalharei com artistas que apoiem Putin”, afirmou.

 

 

A mezzo soprano Joyce Di Donato disse em suas redes sociais estar “ao lado do lindo povo da Ucrânia, cujas vidas estão em risco”. “E rezo pela segurança dos russos que estão se levantando em protesto.”

 

 

O maestro russo Semyon Bychkov condenou os ataques e afirmou que “as mentiras que estão sendo espalhadas precisam parar antes que o resto do mundo se encontre no meio de uma nova guerra”. “Não podemos ficar em silêncio e assistir a história repetir-se como em 1956, 1968. Os portadores da morte e da destruição precisam ser responsabilizados.”

Ucraniana, a maestra Oksana Lyniv pediu a músicos e organizações musicais que se pronunciem sobre o conflito. “Por favor, compartilhem suas opiniões publicamente! E falem também de suas experiências com artistas ucranianos, memórias sobre os momentos que vivemos juntos no palco ou em projetos. Precisamos de seu apoio ativo agora.”

 

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Carnegie Hall, em Nova York [Divulgação]
Carnegie Hall, em Nova York [Divulgação]

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