Clara Sverner lança “Reminiscences”, seu primeiro álbum em formato digital

por Luciana Medeiros 28/05/2020

Em retiro forçado desde março, a pianista Clara Sverner está lançando seu primeiro disco gravado somente para plataformas digitais. Depois de oito anos sem gravar, ela fez uma seleção de peças marcantes em sua vida de intérprete a convite do pianista e produtor Corciolli, para seu selo Azul Music. 

“São nove peças sentimentais, curtas, poéticas, que toco desde meus primeiros anos de carreira”, conta Clara, por telefone, de seu sítio na serra fluminense, onde continua tocando diariamente no piano de sua infância. E, de lá, tem acompanhado a performance do disco que foi disponibilizado no dia 22 de maio e já tem uma ótima visibilidade. “Raindrop saiu na principal playlist de lançamentos mundiais de música clássica do Spotify”, celebra Corciolli.

A ideia de voltar ao disco fazendo somente a versão digital foi do produtor e pianista, que conheceu Clara quando assumiu a distribuição do álbum Chiquinha Gonzaga, em 1999. “Ela é magnífica: curadora, pesquisadora, pioneira”, elogia Corciolli. “Quando distribuímos Ravel e Debussy, em 2012, sugeri que fizéssemos um álbum mais emocional. E as quatro sessões de gravação, no final de 2019 e início de 2020 trouxeram um resultado tão bom que decidimos lançar o volume 1 de uma série Reminiscenses.” A seleção, assinada pelos dois, se mostrou “orgânica, fluida”, diz ele. 

O disco abre com a poderosa Valse sentimentale nº 6 op. 51, de Tchaikovsky, e segue por referências familiares aos apreciadores de piano, pilares como o Raindrop – Prelúdio nº 15 op. 28 de Chopin (“Sempre gostei de tomar chuva no quintal. Mamãe dizia: menina maluca, vai ficar doente! E meus amigos me chamavam de Ondine...”). 

Não falta um dos maiores hits do piano de todos os tempos, a Sonata ao luar, de Beethoven “Fizemos questão de uma fluência, de uma continuidade”, aponta a pianista. “Por exemplo, o Prelúdio nº 1 em dó maior de Bach é seguido pela Ave Maria de Schubert, e eles se encadeiam perfeitamente.”

Clara vê no conjunto de peças um ponto comum: o andamento mais lento. “Nossa opção foi mesmo estabelecer uma atmosfera mais reflexiva, mais envolvente”, acredita ela. “Isso é uma contramão necessária nos dias de hoje, corridos, superficiais. E estou muito feliz. Aos 83 anos, encaro um jeito novo de lançar meu trabalho. Que a música chegue a todos, abrace a todos. Que a música nos salve.”

Leia mais
Notícias
Leonardo Hilsdorf é atração desta semana dos Encontros CLÁSSICOS
Notícias Cursos CLÁSSICOS lançam programação de junho
Dicas CONCERTO Cinco documentários sobre compositores brasileiros para ver na internet

Clara Sverner [Reprodução]
Clara Sverner [Reprodução]

 

Curtir

Comentários

Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da Revista CONCERTO.

É preciso estar logado para comentar. Clique aqui para fazer seu login gratuito.