Evandro Matté: ano de tragédia e de superação

por Redação CONCERTO 17/01/2025

Retrospectiva 2024: Evandro Matté, maestro e diretor artístico da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e da Orquestra Theatro São Pedro (POA) e diretor artístico do Festival Internacional Sesc de Música  

“Para a Ospa e para todo o Rio Grande do Sul, o ano de 2024 se dividiu em dois: antes e depois da enchente de maio. Antes, realizamos grandes espetáculos, com destaque para Jobim Sinfônico, que levou milhares de pessoas ao Auditório Araújo Vianna. Depois, tivemos de reorganizar todos os planos.

O Complexo Cultural Casa da Ospa foi afetado e ficou de portas fechadas em maio e junho. Ainda sim, foi possível realizar dezenas de apresentações musicais ao longo do ano, somando concertos da Orquestra, da Escola e do Coro Sinfônico da Fundação Ospa. Ainda em maio, a Fospa realizou uma série de visitas de grupos de câmara a abrigos, com o propósito de levar conforto às pessoas desabrigadas após a tragédia. No momento de retomar os concertos da temporada, privilegiamos as cidades que tinham sido afetadas, como Taquara, Lajeado e São Leopoldo.

Originalmente programados como concertos comemorativos ao Bicentenário da Imigração Alemã no Rio Grande do Sul, esses eventos ganharam um novo significado após a tragédia. Mais do que exaltar a herança cultural de mestres alemães como Beethoven e Bach, o programa se tornou parte de um projeto maior de reconstrução do Estado, levando alento e esperança ao público.

Em Porto Alegre, a série principal de concertos da Ospa brindou o público com artistas de grande vulto, como o regente alemão Christoph Hartmann, o trombonista americano Joseph Alessi, a flautista alemã Wally Hase, a violonista brasileira Gabriele Leite e a violista italiana Anna Serova. Foram apresentações históricas e emocionantes.

Em um espetáculo concebido com muita dedicação por toda a equipe, a Ospa brilhou ao lado do renomado Grupo Corpo, na primeira parceria entre as duas instituições.

Também prestamos uma grande homenagem a altura do genial Giacomo Puccini com uma nova montagem de La bohème, no Theatro São Pedro, e também com Gianni Schicchi, espetáculo de encerramento do Ópera Estúdio. Outro grande concerto viabilizado, apesar da enchente, foi Clássicos da Broadway, transferido de junho para novembro.

Alguns planos tiveram de ser postergados, mas minha expectativa é de que ocorram no ano que vem, como, por exemplo, a ópera Candinho, uma encomenda da Ospa ao compositor João Guilherme Ripper, e o lançamento do álbum ‘Sons do Brasil’, com obras de Liduino Pitombeira, Edmundo Villani-Côrtes e Heitor Villa-Lobos, sob minha regência e com participação dos solistas Quinteto Villa-Lobos e Artur Elias.

Ao final do ano, encerrei um ciclo de uma década como diretor artístico da Ospa. Antes disso, foram 25 anos como músico da orquestra. Com a sensação de dever cumprido, deixo a fundação na certeza de que seguirá crescendo e honrando sua história como a orquestra de todos os gaúchos.” [Depoimento de dezembro de 2024]

[Clique aqui para ler outros depoimentos publicados na Retrospectiva 2024 da Revista CONCERTO.]

Evandro Matté

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