A Filarmônica de Minas Gerais promove nesta quarta-feira, dia 30, concerto em que serão apresentadas as seis obras finalistas da 12ª edição do Festival Tinta Fresca, dedicado a novos compositores brasileiros. A apresentação, que será comandada pelo regente associado José Soares, será transmitida pelo canal do YouTube do grupo e terá obras de Igor Maia, Lugas Pigari, Luiz Hauck, Felipe Fernandes, Willian Lentz e José Correa. O júri é formado pelos compositores André Mehmari, João Guilherme Ripper e Leonardo Martinelli.
De Hauck, formado pela UFMG, será apresentada Íntima Odisseia, inspirada na Odisseia de Homero, poema épico escrito na Grécia Antiga. “Assim como o protagonista Odisseu, que embarca em uma longa jornada de volta para casa, a peça começa em territórios desconhecidos, apresentando ideias musicais ainda imprecisas. À medida que a composição avança, tais ideias ganham clareza, em um percurso que reflete um processo de descoberta interior. Tal como no épico de Homero, a jornada desenhada representa um retorno íntimo a si mesmo, por isso o seu título”, explica.
Felipe Jacob, compositor catarinense, participa com Noturno para orquestra. “De caráter impressionista, a peça retrata paisagens da natureza e narra uma breve história fantástica”, ele diz. “Uma criatura desengonçada, que nem sempre acorda, finalmente se levanta. Após cenas ao entardecer, o corne inglês anuncia o seu despertar e, para a tristeza dos animais sonolentos, essa criatura adora dançar. Eis que um passarinho incomodado tem uma ideia: enlouquecer a criatura com uma grande festa para fazê-la dormir mais cedo.”
Igor Maia, natural de Campinas e regente e doutor em Composição pelo King's College de Londres, terá sua peça Contemplações interpretada pela filarmônica. “A obra é inspirada no hino medieval Jesus Christus, nostra salus ("Jesus Cristo, nosso Salvador"), atribuído a Jan z Jenstejna, e em um coral e um prelúdio coral de J. S. Bach. Percorre, de forma contemplativa, partes de uma catedral em quatro movimentos: Entrada, Mosaico, Vitral e Coro.”
Sacro Sonoro, de Lucas Pigari, formado em Música pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, tem origem em uma viagem que o compositor realizou a Minas Gerais em 2019, quando teve contato com a arquitetura sacra do barroco mineiro. O objetivo foi criar uma obra que buscasse expressar a beleza artística das igrejas matrizes visitadas em Prados, São João del-Rei e Tiradentes e o impacto que lhe causaram.
Nascido em Belém, José Corrêa define Ainulindalë como “um poema sinfônico baseado em uma das histórias do livro O Silmarillion, de J.R.R. Tolkien”. “Assim como a música descrita no texto que a inspira, a composição possui três temas principais. O primeiro tema é modal; já o segundo tema desenvolve o tonalismo; enquanto o terceiro tema traz técnicas pós-tonais, como politonalismo e uso livre do sistema axial de Bartók.”
Por fim, será apresentada Fulgurações cetíneas, do paranaense William Lentz, que atualmente integra a Classe de Regência da Osesp. “De inspiração lírica e sugestões eróticas, a peça insinua o desejo de um êxtase crescente, que parte da ansiedade de uma ‘força suspensa’ e culmina em uma erupção de sentimentos simultâneos – cólera, alegria, ânsia e esperança.”
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