Retrospectiva 2024: Isaac Karabtchevsky, diretor musical da Orquestra Petrobras Sinfônica e da Sinfônica Heliópolis
“A arte é o sussurro da História, ouvido acima do ruído do Tempo. A frase de Julian Barnes bem ilustra a contínua luta de todos nós, intérpretes, para marcar posições e desvendar caminhos na inesgotável e riquíssima rota da criação.
Ao completar meus 90 anos, ainda lúcido e com boa saúde, debruço-me sobre tudo aquilo que fiz e o que, com a ajuda de Deus, poderia completar. Não me faltam propostas e as forças, digo-o com humildade, virão no momento justo. Agora, tudo aquilo que provém da lealdade, do amor e do carinho, são para mim prioritários. Não tenho como agradecer o exemplo dos músicos da querida Petrobras Sinfônica, que fizeram um concerto ao ar livre no dia do meu aniversário, 27 de dezembro. O local escolhido foi a emblemática Cinelândia, no Rio de Janeiro. É de conhecimento de todos que as relações maestro-orquestra são geralmente tempestuosas e fontes permanentes de problemas. Quando ocorre o contrário, inverte-se o quadro: os organismos se fortificam e a sociedade aplaude.
Em 2024, as duas entidades nas quais exerço a direção musical, a Petrobras Sinfônica e a Orquestra Sinfônica de Heliópolis, formaram uma rede de permanentes elogios; com Heliópolis nasce um teatro de nível internacional, incrustado no corpo da favela e, graças aos esforços de Edilson Ventureli, em condições de oferecer concertos e óperas.
Já com a Petrobrás Sinfônica fizemos a primeira turnê internacional, com direito a um formidável concerto de encerramento no Teatro Cólon, em Buenos Aires, executado Villa-Lobos. Ingresso em 2025 com a certeza de que, à frente dessas duas instituições, chegaremos a um nível de, ao invés de sussurros, poder enviar brados vibrantes ao ruído do Tempo. [Depoimento de dezembro de 2024]
[Clique aqui para ler outros depoimentos publicados na Retrospectiva 2024 da Revista CONCERTO.]
É preciso estar logado para comentar. Clique aqui para fazer seu login gratuito.
Comentários
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da Revista CONCERTO.