O maestro John Eliot Gardiner agrediu um cantor do Monteverdi Choir durante apresentação na noite de terça-feira, 22, no Festival Berlioz, na França. Os artistas apresentavam uma versão em concerto da ópera Les Troyens e, na saída para o intervalo, o músico William Thomas, de 29 anos, teria deixado o palco pelo lado errado. Nos bastidores, Gardiner repreendeu o colega e o atingiu com um soco.
Pouco após o incidente ter sido tornado público, um porta-voz de Gardiner afirmou que ele sofria com o calor excessivo e que seu comportamento pode ter sido provocado por uma troca recente de medicamentos. Por conta disso, o maestro teria seguido imediatamente para Londres, onde iria se consultar com seu médico.
Em sua conta no X, antigo Twitter, a agência de Thomas, a Askonas Holt confirmou o incidente, afirmando ainda que “todo músico tem o direito de exercer sua arte em um ambiente livre de abuso e ameaças físicas”.
A statement from Askonas Holt pic.twitter.com/Mle5T3QMwC
— Askonas Holt (@AskonasHolt) August 24, 2023
Gardiner e os músicos seguiriam para a capital inglesa, para apresentar a ópera no Festival Proms no dia 3 de setembro. A BBC, que realiza o evento, afirmou ontem ao jornal The Telegraph que investigaria o episódio para tomar uma decisão sobre o concerto. Imediatamente, o Monteverdi Choir informou que a ópera não seria mais regida por Gardiner e, sim, por seu assistente, Dinis Sousa.
Na manhã desta quinta-feira, o maestro emitiu um comunicado oficial, pedindo desculpas por seu comportamento e afirmando que não continuará à frente do grupo durante a turnê.
“Lamento profundamente o incidente ocorrido no Festival Berlioz e peço desculpas sem reservas por ter perdido a paciência imediatamente após a apresentação. Não há justificativa para meu comportamento e pedi desculpas pessoalmente a Will Thomas, por quem tenho o maior respeito. Faço-o novamente, e aos outros artistas, pela angústia que isso causou. Percebo o quanto isso afetou todos os participantes envolvidos neste grande projeto e que me é tão caro. Voltei ao Reino Unido e decidi deixar de dirigir todas as apresentações restantes de Les Troyens. Desejo ao Dinis Sousa e a todos os músicos muito sucesso nos restantes concertos da turnê. Sei que a violência física nunca é aceitável e que os músicos devem sempre sentir-se seguros. Peço sua paciência e compreensão enquanto reservo um tempo para refletir sobre minhas ações.”
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