Maíra Ferreira: um ano de encontros 

por Redação CONCERTO 16/01/2025

Retrospectiva 2024: Maíra Ferreira, regente titular do Coral Paulistano 

“O ano de 2024 se destacou como um período de grande importância para a música coral em São Paulo, especialmente pelas realizações do Coral Paulistano. Ao refletir sobre as atividades do grupo ao longo do ano, é possível afirmar que 2024 foi um ano de encontros: encontros com grandes compositores, com as tradições do passado, com a rica produção musical de nosso continente e, sobretudo, com o público, que nos acompanhou com entusiasmo, carinho e atenção em cada etapa dessa jornada. 

A programação do Coral Paulistano, corpo artístico do Theatro Municipal de São Paulo que celebrou 88 anos de história em 2024, reflete o compromisso do grupo com a diversidade e o constante desafio artístico. A exploração das distintas sonoridades da música vocal foi mais uma vez afirmada neste ano, com a execução de repertórios que transitaram por diferentes períodos e estilos. 

Entre os marcos de 2024, destaca-se o concerto que uniu as obras de Igor Stravinsky e Jocy de Oliveira. Este projeto desafiou não apenas a complexidade da instrumentação, mas também envolveu de forma comovente os coralistas, compositora, solistas e a Orquestra Sinfônica Municipal. Trabalhar com Jocy, uma das maiores personalidades da música contemporânea, foi uma experiência transformadora, ampliando nossos horizontes criativos e nos convidando a repensar nossa forma de fazer música. 

O Coral Paulistano também se dedicou a explorar repertórios latino-americanos, com um foco especial em compositoras cujas obras ainda são pouco executadas no cenário coral. Por meio de um trabalho de pesquisa cuidadoso, o grupo trouxe à tona peças que celebram temas de nossa terra, revelando a riqueza cultural e emocional de nossa música. A Renascença italiana, um encontro com o passado, também teve seu espaço na programação, proporcionando uma oportunidade única de imersão em um período essencial para a história da música coral. 

A música popular brasileira, outra forte identidade do grupo, foi celebrada com destaque em Cantador, interpretando ‘a vida, a morte e a dor’. Poesias e sonoridades brasileiras, comoventes e profundamente enraizadas, ressoaram no público, refletindo um reencontro com nossa essência, nosso passado e presente, e nossa principal vocação: o ‘cantar brasileiro’. No mesmo espírito de encontro, o Coral revisitou Blue Monday e Afluentes, atendendo ao apelo do público por uma experiência mais imersiva. A resposta calorosa a essas apresentações demonstrou claramente o desejo do público por performances que proporcionam a proximidade real com quem nos assiste. 

Por fim, um dos maiores destaques do ano foi, sem dúvida, o encontro com a grandiosa Sinfonia nº 2 de Gustav Mahler. Apresentada em duas ocasiões memoráveis, no Theatro Municipal reunindo o Coral Paulistano, o Coro Lírico e a Orquestra Sinfônica Municipal, e na Sala São Paulo, com Coral Paulistano, os Coros da Osesp e a Osesp. Essas apresentações captaram com sensibilidade a força da obra de Mahler, destacando a importância das vozes para dar vida à vastidão emocional sinfonia, resultando em uma sonoridade única, profunda, comovente e brasileira.”

Maira Ferreira
 

Curtir

Comentários

Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da Revista CONCERTO.

É preciso estar logado para comentar. Clique aqui para fazer seu login gratuito.